Wednesday, January 31, 2007

Um dia destes acabarei por entender porque quem não deve me provoca.
Nunca tive a intenção que se moldassem às minhas vontades e aos meus caprichos, posso até ter tido vontade mas intenção nunca.
Cada um leva as merdas como quer, faz as cedências que entende, atura o que pode e por aí adiante. Cada copo aguenta um determinado copo de água e quando excede o limite transborda.
Acho isso para os outros e para mim.
Acredito ser uma verdade absoluta.
Agora...foder-me a cabeça porque prá outra pessoa as coisas passam....foda-se.
Se pra mim não passam não chegam a lugar nenhum.
Depois há surpresas do tipo:
Ah...isso é tão importante assim pra ti?!
Não, não é....ERA!

Monday, January 29, 2007

Entidade Divina


Hoje acordei com uma frase na cabeça que não me é de todo comum e como tão poucas vezes me visitou, nem sequer me é familiar:
"Deus me dê força!"
Não me envergonho de ter essa frase na cabeça e nem tenho orgulho de a sentir ecoar dentro de mim.
Eu acredito numa entidade divina mas não a vejo como salvação nem como orientadora da minha vida, por isso não lhe peço ajuda... eu trato da minha vida e depois logo se verá onde isto acaba.
O facto de me ter ocorrido este pensamento hoje é, em larga medida, o mesmo que me faz acreditar que existe alguém superior.
É a fraqueza e fragilidade de hoje que me fez pensar que sozinho não vou lá e é a fraqueza e fragilidade de sempre que me faz precisar de pensar que sempre acordarei...mesmo quando morrer.
Sem pensar muito no assunto, é, que me lembre, a segunda vez que me vejo a olhar pró céu.
É uma fase fodida, é uma altura de merda e não estou a ver uma solução... nem simples (a minha favorita..sempre) nem complicada.
Vejo só muro e pedra.
Em situações normais nem pedra nem muro são capazes de me conter, não tenho problema algum em socar até que se me rasgue a pele e se vejam os ossos desde que o caralho do cerco se vá.
Não tenho medo de dor nem de caras feias e nem sequer de monstros, vivo com mil dentro de mim e jogo cartas com eles... a mim enquanto individuo pouca coisa me assusta.
O grande (enorme e até hoje intransponível problema) problema é que se não estiver só sinto-me mais fraco.
Subconscientemente acho que só eu sou capaz de aguentar o impacto.
Resultado?
Em vez de levar com tudo de uma só vez (a forma que eu tenho de superar as dificuldades) vou amparando os golpes que se me dirigem e os que se dirigem aos outros... aos bocados...devagar...arrastados.... e isso dá cabo de mim.
Sinto-me a definhar... e se não fosse tudo que pareço já tinha definhado de vez e, eventualmente, desaparecido.
Hoje preciso de ser amparado... mas ninguém vai saber.

Wednesday, January 24, 2007

Cansado


A maioria dos dias sigo em linha recta.
Não olho pra trás e nem sequer os retrovisores uso.
A marcha é compassada, ininterrupta e unidireccional.... nem sequer curvas apanho.
Uns poucos dias sinto-me cansado.
Uma vez disserram-me qualquer coisa como "foda-se...ser como tu és deve ser cansativo".
É... e nem tão pouco quanto isso...
Começa na propensão para a esquizofrenia, por natureza acho que todos andam aí pra me enganar e que, quando possível, vai-me entrar uma faca nas costas.
É uma defesa que me é muito querida e que mantém o meu couro intacto, no entanto, matou alguns (muitos) dos nervos que me faziam sentir o que quer que fosse.
Levou-me a maior parte da Dor mas escondeu-me parte do Prazer.
Depois (sim, porque não é suficiente) tenho-me na maior das considerações.
Acredito que a minha ideia de mim é correcta, sou realmente bom... mas isso é pouco, muito pouco.
Vivo em função de sucesso e de metas, acordo para chegar ali e se quando me deitar ainda não cheguei fico doido de raiva.
Ainda não senti, até hoje, dor maior do que sentir que naquele momento não tive a decisão certa...ainda que consiga remediar e tornar o erro imperceptível.
EU SEI que errei e isso é mais do que suficiente.
Tenho ainda a brilhante ideia de que o sofrimento dos outros eu apaziguo mas ninguém pode fazer nada por mim.
Sou o tipo que segura o leme na tempestade e isso seria até um motivo de orgulho (e realmente é) não fosse o facto de eu não o fazer por turnos...sou sempre eu.
A culpa disso é exclusivamente minha... não demonstro cansaço e nem medo.
E sim... embora raramente também eu me canso e também eu me assusto.
O que faz toda a diferença é que enquanto nada for demonstrado nada é real.
Hoje estou cansado....muito cansado...

Monday, January 22, 2007

Nexo


Já escrevi aqui (acho) que não obrigo nem quero que amigos escolham lados.
Ora, não tenho necessidade disso, é verdade, aguento-me e orgulho-me disso.
Como tudo, no entanto, há limites.
Se não coloco ninguém em posição de "ou eu ou ele" não é menos verdade que não admito intromissões.
É, na verdade, simples de explicar.
Para ser meu amigo não precisa, nem deve, concordar com tudo o que eu faço e muito menos comprar as minhas guerras e antipatias (até porque seria cansativo demais).
Agora, para ser meu inimigo basta que se intrometa de forma indevida, que por caminhos escusos diga a alguém (que não eu) que sou uma besta e mentecapto.
Para ser meu amigo não precisa estar comigo mas, seguramente, não pode estar contra mim aliando-se, por sombras, a quem me quer mal.
O grande problema nisto é o perdão, o hábito de que se fala sem pensar e que se engana por precipitação.
Simples a solução não é?
Pensa antes de falares.
Não te precipites e toma o teu tempo.
Há desculpas que eu aceito.
Há erros que eu relevo.
Há fraquezas que deixo passar.
Uma coisa é certa, se me tentam foder só o fazem uma vez, não terão outra oportunidade....aproveitem a que têm.
Não sou, nem quero, um santo.
Não sou, nem quero, magnanime.
Não sou, nem quero, virtuoso.
A mesma mão que afaga bate.
O mesmo carinho que protege torna-se, rapidamente, a lâmina que corta.
Se queres privar das minhas virtudes não dês uma abertura aos meus defeitos.

Escondido


Os acontecimentos presentes não me andam a agradar.
Os acontecimentos previstos ainda estão para se decidir se serão do meu agrado ou não.
Gosto mais de ser o tipo que controla as marionetas na sombra do que o que dá a cara nas vitórias.
Prefiro assumir os fracassos que colher os louros. Aliás, prefiro os acontecimentos raros do que os correntes... não estou habituado a perder.
De volta a onde não saí apesar de ter visto as grades do lado de fora.
Confunde-me quererem-me bem demais e faço por tornar a empreitada verdadeiramente difícil.
Já me apanhei a pensar que faço isso porque sou um prémio muito apetecível e, por isso, merecedor de que sejam criadas dificuldades acrescidas para chegarem até mim.
Agora, parado e reflexivo, parece-me uma forma de não me responsabilizar pela agrura que encontrarão se chegarem perto demais.
Um pouco de altruísmo pulvilhado de tirar o corpo fora.
Os dias passam à velocidade da luz e pouco posso fazer para que eles parem de correr.
Acontecimentos aproximam-se e eu cada vez tenho menos certezas de os querer.
Já me defendi do fracasso da empreitada alheia mas não consigo deixar de me sentir um pouco responsável.
Sou tão honesto que passo a mentiroso.
Demonstro tão claramente o buraco negro e vazio que tenho dentro de mim que exagero na pintura... nem tão negro e nem tão vazio ele é.
Agora é recostar, apertar o cinto de segurança, pedir o whiskey e seguir relaxado... se foda

Friday, January 19, 2007

Representantes do Povo

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Hoje quando vinha trabalhar tinha o rádio a debitar notícias.
Normalmente venho com um CD a rolar em momento ora de abstracção ora de "foda-se...que sono!"

Antes viesse com o CD...

Vinha a ouvir uma notícia sobre a nova lei do subsidio de desemprego e ouvi os Representantes Políticos dos Trabalhadores dizer "já pedimos uma audiência com o Ministro porque não concordamos com um dos artigos" (por economia de linhas não transcreverei qual o artigo, para a ideia não é importante e eu não tou com paciência para o fazer....mas é penalizador para o proletariado).

O jornalista pergunta-lhes "mas...vocês assinaram a lei em sinal de concordância, lembraram-se agora passado um mês de ela estar em vigor?!"
Os dignos Representantes respondem que "eh pá, tínhamos interiorizado uma outra ideia e não isso."

Ok...pergunta simples, da minha autoria, que não lhes foi feita..

"Se aquela merda está ESCRITA não interiorizaram porquê? Não leram? São iletrados? Estavam de ressaca nesse dia e queriam voltar pra cama?!!"

Foda-se, é, na verdade, inacreditável.
Este bando de parasitas que se lembram de marcar umas greves e mandar uns insultos e umas indignações porque os trabalhadores são sempre prejudicados não leram e assinaram uma coisa tão pouco importante como a Lei do Subsídio de Desemprego.

Para quem possa estar aí a pensar "foi o erro de um gajo" desengane-se, era um equipa.
Depois querem que tenha respeito por sindicatos e merdas parecidas.

Os trabalhadores estão é fodidos....essa é que é a realidade.

Se quem defende os seus interesses tem este tipo de comportamento imagine-se quem não tem de os defender...

Wednesday, January 17, 2007

Mal como Bem


Acho engraçado como o atactivo se torna repelente.

É muito comum, por exemplo, que um homem se sinta atraído por uma mulher quando a vê com um decote vertiginoso vestido (eu também, no entanto, nunca encaro uma semi nua como um envolvimento sério...e nem nunca foi. Se for preconceito, seja!).
Depois de a sacar e, eventualmente, ter uma relação mais séria com ela, a fonte de atracção transforma-se em fonte de atrito.

"Onde pensas que vais com esse decote?!"

As mulheres, tanto quanto percebo e assumo que percebo pouco, não se sentem atraídas (no sentido de relacionamento pelo menos) por uma t-shirt justa e nem por um braço definido.
Parece-me que se sentirão atraídas, isso sim, pela força de carácter de um tipo, pela segurança que transmite.

Pois bem... isso transforma-se em problema.
A independência demonstrada, a segurança em saber que resolve os seus próprios problemas torna-se, passada uma determinada fase, um problema.

Não partilho os meus problemas.
Não preciso nem peço ajuda.
Desenrasco-me sozinho porque sei, à partida, que ninguém me pode ajudar.

Depois vem o discurso que muda de pele mas não de tom.
As palavras saídas de bocas diferentes mas vestidas com a mesma roupa.

"Mantens-me afastada... não partilhas nada comigo... e eu sei que precisas!!"

Foda-se!!!!

A minha necessidade, se não única a mais premente, é saber que se precisar a pessoa está lá, ainda que seja altamente provável que não precise.
Quando as merdas não estão alinhadas quem deveria ser respeitado é quem as tem fora do alinhamento, no entanto, o problema vira ao contrário (ou é mais um), a outra pessoa sente-se desmerecida.

A falta de muletas que a atraiu agora torna-se o espinho na pata do leão.

Depois, quando a minha (pouca) paciência se esgota passo a ser rude porque termino com "é assim e pronto!!!" quando já não tenho mais o que dizer.

O que se pretende não é ajudar e nem partilhar.
O que se pretende é sentir-se importante.

Tuesday, January 16, 2007

Diga....

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Já postei aqui este link...
Será, por isso, uma repetição por parte de quem odeia repetições.
É, na verdade, mais forte que eu.
É, na verdade, um pedaço daquilo que gostava que fosse o paraíso e isso, apesar de eventualmente monótono, nunca será demasiado.
Sou capaz de sair e achar que posso dar mais dois passos quando ouço isto.
Parace-me que andar sobre água nem será tão difícil quanto isso.
Dá-me vontade de dizer, dá-me vontade de não mentir, dizer tudo, "sem você não sou ninguém".
Infelizmente até as bandas sonoras se acabam.
Infelizmente as assas perdem o encanto quando a Bebel se cala.
Infelizmente a realidade não é aveludada.
Felizmente ainda encontro paz durante uns minutos e fantasio o que poderia ser se não fosse como sou.

Lados

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Sou uma pessoa exigente com as minhas amizades.
Não preciso que me liguem pra saber como estou nem que me convidem sempre que decidem ir tomar um café.
Nesse sentido sou relaxado....
A única coisa que quero é que quando eu decidir eles apareçam.
Uma outra situação em que nunca coloquei amigos (e muito menos conhecidos) é a de ter de escolher de que lado estão.
Nunca falei mal de um amigo meu (ou conhecido) a outro que eu saiba que é um amigo comum (ou meu conhecido e amigo dele), acho desnecessário, desconfortável e mesquinho.
Já se vieram queixar de pessoas que consideros amigas (o queixoso e o tipo de quem este se queixa) e sempre que isso acontece sinto-me preso e desconfortável.... sou incapaz de atiçar mais ainda o fogo, não gosto de atribuir razão a qualquer um deles e isso é matar-me. Privar-me da possibilidade de emitir a minha opinião é matar-me...mas não o faço.
Ora, eu sempre me achei (e acho) capaz de resolver os meus problemas.
Nunca me vi na situação de precisar que me apoiem para fazer o que quer que seja.
Comigo os louros têm dono e a culpa não morre solteira.
Vejo pessoas a contar espingardas antes de partir para o confronto, do tipo, eu vou se fores comigo.
Encontro com frequência o pedido subliminar (e às vezes nem tanto quanto isso) de aliança para que um tipo qualquer não seja o único a apanhar mas com o desejo intrínseco de, se resultar, ser o único a bater.
Será que a maioria das pessoas só se aguenta sozinho na vitória?
Bem... ao que parece, sim!
Eu gosto do confronto, não o procuro por uma questão meramente moral, mas não fujo dele por uma questão eminentemente visceral.
Eu sei que vou ganhar... mas sei que um dia vou perder e se perder deitado, ainda assim, vou dar uns pontapés.
A morte em si não me assusta, o que me assusta é morrer.

Monday, January 15, 2007

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Não posso usar mini saia...ver-se-iam os meus tomates.
Ouve-se com uma frequência exagerada que um tipo parece uma menina que choraminga como uma rapariga e coisas assim.
Ora... isto é usado como forma de diminuir um tipo... chamando-o de fêmea.
Já o fiz também e ainda o faço, no entanto, é manifestamente errado.
Conheço inúmeras mulheres de personalidade firme e vincada que, a ser verdade o inconsciente social, só poderiam usar calças.
A verdade é só uma, a força de carácter e a capacidade de se garantir sozinho nas próprias pernas independe de se ter um pila.
A insegurança não veste saias nem calças, anda nua com uma mão à frente e outra atrás.
A justificação indiscriminada, por exemplo, é irmã da necessidade de ser aceite pelos outros e muitas vezes esses outros nem sequer têm de ser próximos nem importantes nem inteligentes nem bonitos nem especialmente preponderantes....basta que sejam outros.
O porquê deste tipo de (sub)desenvolvimento eu desconheço.
Só me sinto na obrigação de me justificar se tiver provocado um qualquer sofrimento ou desconforto numa meia dúzia de pessoas...e mesmo essa meia dúzia convém que não me venha encarar à partida como culpado ou passarei do explain mode para o atack mode com uma velocidade tal que até os olhos lhes saltarão das órbitas.
Se decidiste que a culpa é minha é suficiente que te cales, nada mais levarás de mim.
Carrego bem o peso de ser um fdp, já me foi um fardo mas hoje faz-me companhia antes de dormir.
Gosto da paz mas não me escondo da guerra e isso não faz de mim agressivo, apenas me torna um tipo relativamente fácil de provocar.... ainda não sou perfeito, tenho as minha debilidades.
O Sol não nasce pra todos mas é bom que me aqueça senão vou lá acima e parto-lhe os cornos.

Friday, January 12, 2007

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Nestes dias ando apático.
Deve haver um motivo qualquer... mas nem tenho vontade de pensar nisso, até pra isso tou dormente.
Tenho um problema com coisas duradouras.
Quando gosto realmente delas, descarto-as passado algum tempo.
Quando me são relativamente indiferentes mas úteis deixo-as por tempo indeterminado pousadas onde ficarem e esqueço-me delas.
Tenho, ainda, os meus livros da primária e daí por diante.
Nunca os deitei fora mas nunca mais lhes pus a vista em cima também, estão numa gaveta.
Tenho não sei quantas fotografias de milhentas situações e nunca olho pra elas. Poderia pensar que "um dia darei valor" mas não é o caso....simplesmente não me interessam.
Tenho sede do agora mas nem sombra do ontem.
Sou, por natureza, um tipo despegado das coisas.
Nunca senti saudades daquelas que se vêem no cinema e se lêem nos livros, adapto-me e esqueço-me.
Nunca sofri com desgostos porque nunca os prazere tiveram tempos de se instalar na derme, uma breve sacudida e saem como se de pó se tratasse.
"A palavra saudade só existe em português" mas se não existisse também não lhe sentiria a falta.
Não te acredites em mim porque, eventualmente, eu estarei a mentir e nem sei.

Convenhamos


Eu aceito que estamos na época do humor non sense.
Na verdade, é um tipo de humor que me é familiar e que utilizo (ou tento) desde sempre porque sou parvo e acho graça a coisas que, supostamente, não de deveriam ter.
Este é mais um exemplo... do que me deveria excitar e me faz rir.
Pá...a miúda é PODRE, isso nem é sujeito a discussão.
Além de ser podre está semi nua... outro grande ponto a favor no que ao entertenimento masculino diz respeito.
Agora...
Porque carga d´água esta ela a brincar com o caralho (não literalmente) de um robot?!
Ri-me muito com esta pose (as outras fotos tiveram em mim o efeito pretendido pelo autor mas esta...).
Não faz sentido nenhum... e isso é muito divertido.

Thursday, January 11, 2007

"Tudo que é demais é exagerado....inclusive a sinceridade"

Encontro muitas pessoas que batem no peito e dizem que não mentem e que são absolutamente sinceras
Não têm nada a esconder e, por isso, não fazem concessões e assumem-se tal como são.
Pois....
Este tipo de pessoas ou são absolutamente Chatas (porque quem não tem o que esconder nunca fez nada que lhe tenha posto o sangue a ferver) ou são Burras (a verdade também tem um objectivo e quando o custo é muito superior ao benefício e não fará a menor diferença o melhor é estar calado).
Os pesos e as medidas aplicam-se a tudo, o deve e o haver têm lugar sempre.
Opiniões pedidas devem ser emitidas mas sem nunca se esquecer que o que eu sei não me fará mal mas o que sabem que eu sei já poderá ser uma outra história.
A mim, essas gentes que são um livro aberto (não que dizem que o são mas que o são mesmo) têm muito pouco interesse. No mesmo sentido que o prazer é conduzir em estradas sinuosas e não em rectas.
Eu digo a verdade quando acho que devo e não quando alguém assim o impões,
com o mal dos outros vivo eu bem.

Wednesday, January 10, 2007

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"Não sei de onde sou...
...mas não sou daqui"
Não me sinto um inadaptado, seria demasiado extremo e demasiado dramático.
O que me acontece frequentemente é que acho que não estou bem, sinto muitas vezes que este fato não me serve e que os sapatos me apertam.
Seria um problema de fácil resolução se eu pudesse identificar qual o tipo de indumentária que me cai com agrado na pele.
Não sei se é este o sentimento que une aqueles a quem já se chamou "Os Perdidos".
É engraçado...
Quantas vezes te cruzas na rua com gente que vive em constante turbilhão e não dás por isso?
Quantas carcaças encontras sem saber que o que lhes corre nas veias tem uma vontade premente de sair do corpo?
Há muita gente que conheço há muito tempo e nunca souberam (e nunca irão saber) que nem só de sangue me alimento.
Muitos dos que vagueiam pelas minhas estradas ignoram que eu vivo muito para além do jantar de fim de semana, dos litros de cerveja ingeridos e dos ocasionais corpos que me passam pelas mãos.
Não, não é uma coisa que me tire o sono, na verdade, de uma forma que terá o seu quê de masoquista, é algo que me diverte.
Sou dos que se descobre e não dos que se oferecem.
Quando os astros se alinham eu devo resplandescer no escuro mas eu nunca os vi alinhados.

Tuesday, January 09, 2007

1


A cada dia que passa mais me parece que nasci pra ser só e a cada dia que passa isso me preocupa menos...se é que alguma vez me preocupou.
Sou aquele tipo que é difícil de entender...
Eu tenho poucos amigos (ao que poderia acrescentar "bons" se não detestasse frases feitas), não sou aquele gajo que é convidado para todas as festas.... e ainda assim não há fim de semana que não tenha programa.
Não encontro coragem nesse encarar da solidão como um dado adquirido e até desejado.
Não vejo, também, nisso um esconder e defender.... vejo apenas que assim é.
Dependo de mim e de mim tiro satisfações.
Gosto de mim com a mesma intensidade com que me desgosto quando necessário.
Destroço-me mas apoio-me.
Fuga para o neutro evitando sensações fortes?
Poderia até ser...se eu fosse um gajo temperado, o que manifestamente não sou.
Manter a distância para não sentir toque na pele?
Poderá ser... mas eu gosto tanto de mulheres...
Assumo claramente que quero apenas 1 mas eventualmente esse 1 sou eu e não outra.
Um dia descubro

Friday, January 05, 2007

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E o mundo rui.
E o abismo chama.

Não sou de apresentar queixas, não sou de me sentir injustiçado....mas todos os dias têm excepção.

Desde há muito tempo que a espaços e numa situação específica tenho de ser aquilo que não sou.
Finjo-me de morto, simulo que sou centrado, disfarço o ódio com ausência, escondo as garras com um sorriso amarelo.

Não pareço eu.......eu sei.....
Poucas coisas são capazes de me fazer vergar e ser complecente, mas sempre há outras cores que mereçam que tu empalideças na sua presença e eu tenho a felicidade de ter duas dessas perto.

Enfim....estou exausto....

Ir contra a minha natureza aniquila-me as forças.
Requer-me um esforço hérculeo evitar confronto, pulvilhar de paz a terra, espalhar a serenidade... é verdadeiramente demais pra mim.
Não tenho mais por onde escapar, sinto nos ossos que o tempo do meu eu postiço está a chegar ao fim.
Não consigo mais fingir que sou pequeno quando me sinto gigante.
Não posso mais evitar que o meu sangue fervilhe.

Não é uma declaração de guerra, não, não é isso.
É apenas o reassumir da carcaça e de que não farei prisioneiros.

Nesta batalha não haverá vencedores, mas eu não perco de certeza absoluta!

Wednesday, January 03, 2007

Alma no Prego


Dívidas são a pior coisa que se pode ter.
Qualquer tipo de dívidas.... começando nas de gratidão e acabando nas do visa.
A pior de todas é, pra mim, a dívida que nasce de uma merda que fizeste no passado e que te atormentará e será relembrada a cada passada.
Desde aquela facadinha na relação até à mentirinha de merda que muitas das vezes encobre outras falsidades e outras tantas não esconde coisa nenhuma.... mas cesteiro que faz um cesto faz um cento.
Quando se coloca a Alma no Prego desta maneira a eventual felicidade que se poderia querer atingir está dilacerada à nascença.
Cada movimento é seguido ao microscópio, tu sabes, o outro sabe... e a naturalidade esvai-se como o nevoeiro que cobre a manhã.
Há duas verdades que nascem deste tipo de desconfiança (quando nasce na contraparte) ou nesta forma de se sentir em falta (quando nasce de dentro).
- Ninguém fica bonito quando olhado perto demais.
- Quem procura encontra... nem que seja o que não está lá.
Este ciclo inferna (no sentido mais literal possível sem entrar no metafísico) não tem fim, é um espinho que está lá mesmo quando negado veementemente.
O pior desta história é no entando que não tem vencedores, a corda acaba por rebentar.
Não é possível nem crível que se consiga levar uma vida (que o seja de facto) olhando constantemente por cima do ombro e nem é viável partilhar o quotidiano com quem tem uma ferida que não pára de sangrar.
Daqui poderão sair umas quantas conjecturas quanto ao resultado final... mas nenhuma delas será menos do que negra.
O que fazer quando uma dívida não poderá nunca ser paga?
Como fazer crer na magia quando o truque é descoberto?
Onde termina o sofrimento e começa a auto flagelação?
Decido há bastante tempo como lidar com este tipo de coisas, não sendo menos verdade que ainda que pouco acredite em outra solução que não aquela que aqui defendo já a tentei.
Se a dívida não pode ser paga nem tentarei.
Pode-se ver isto como derrotismo.
Pode-se encarar como uma fuga.
A minha questão é, no entanto, muito simples...
Como escapar do que não tem escapatória??!!

Tuesday, January 02, 2007

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Ontem vi mares revoltos serem acalmados por um vento agreste e seco.
Terei, eventualmente, visto o que nunca achei possível acontecer.
O que torna as coisas mais estranhas, sinuosas e de impossível compreensão ainda mais emaranhadas em fios de cetim amarelo.
Pareceu-me, há tempos atrás, que existiria um estado surumbático agradável de estabilidade.
Não estava preocupado com o facto de a calmaria ser boa ou má.... queria apenas que a rede não balançasse, queria apenas que a maré não enchesse nem vazasse, queria tão somente que não variasse.
Cheguei a cegar-me.
Cheguei a acreditar no que os meus ovidos viam.
Cheguei a deixar a âncora deitar-se na areia.
Deixei de perceber o que queria, hoje é ainda um mistério maior do que ontem.
A solução seria, será, é, deveria ser, gostava que fosse, queria querer que fosse.... deixar que a terra escorresse dos meus poros e se ficasse pelo chão...
....mas quantas vezes acho que no chão já estou eu...

...


Mais uma.
Mais do mesmo.
Mais coisa nenhuma.
Mais uma dor de cabeça como prova que ontem existiu.
Mais uma vez parecendo perfeitamente integrado numa multidão e profundamente sozinho.
Mais uma vez cara de festa e entranhas de luto.
Mais uma vez apenas reagindo mentirosamente a estímulos.
Estou cansado....estou muito cansado.
Deve ser em dias e momentos como este que aquela voz interior que quem tem alma possui deve dizer "precisas de alguém".
Felizmente não escuto nada porque estou absolutamente dormente.
Felizmente não vejo um palmo à frente do nariz porque está muito escuro aqui.
Um dia depois do outro...parece ser a única solução...e a que requer menos esforço.