Tuesday, June 20, 2017

NIILISMO

O título é pedante - ou, pelo menos, parece-me pedante - mas o motivo de ter decidido escrever sobre isto não é.

Há uns dias, um convidado do Colbert disse que era um niilista positivo! ao que o Colbert respondeu mas isso não é um optimista?!
O gajo riu-se e concedeu. O que disse tinha sido estúpido mas é sempre preciso dizer uma estupidez a um não estúpido para se aperceber.

Os meus dias mudaram e uma presença constante passou a ser uma presença mais moderada ou, dito por muitos de vocês, passou a ser o normal.
Não encaro bem as mudanças, quer porque me desagrada mudarem-me rotinas quer porque me habituo com uma velocidade de fazer doer a cabeça a novas circunstâncias.

...eu sei que parece contraditório mas aqui nos banha o Niilismo.
O niilismo argumenta que a vida é sem sentido objectivo, propósito ou valor intrínseco.

À primeira, a mudança de rotinas leva-me a ficar fodido porque me escapa do controlo.
O que acontece, contudo, é que a vida já me fugiu demasiadas vezes do controlo para eu continuar a achar que a controlo. O que acontece é algo parecido com a martelada no joelho que nos dão para ver se temos reflexos: não conseguimos evitar mexer a perna.

Então, depois do primeiro impacto rapidamente passo ao que me parece a mais racional das verdades: isto não tem objectivo, propósito ou valor intrínseco, pelo que as vitórias e as derrotas apenas o são nominalmente e muito mais passageiras do que um amor de verão.
O Sol vai nascer na mesma, quer um gajo esteja cá para o ver ou não.
(eu sei que isto parece de gente deprimida mas, confiem, não é. A realidade não é deprimente mas é perene; a nossa vontade tem um impacto limitado e o reconhecimento disso é muito libertador. Só que este não é o assunto de hoje).

Então, K, qual é o problema?
O problema é que há partes no niilismo que não me agradam em circunstâncias concretas.
Lembranças tenho de situações em que, talvez, não devesse ter tornado mais rápida a ascensão do sa foda, percebem? Deve ter havido ocasiões em que um pera lá, talvez ainda não tenhamos chegado à parte em que a minha vontade não tem nenhum impacto na realidade...e se é verdade verdadinha que tenho a certeza que na maioria destes casos contados apenas apressei o inevitável não é menos verdade verdadinha que tal pode não ter acontecido em todos.

Isto é um assunto que me parece demasiado complicado para tratar mas só me parece ser assim porque me desequilibra e coloca-me a par de todos vocês que sentem a cabeça andar à roda quando pressionados. Mas eu não sou como vocês (ou acho que não sou, o que é a mesma coisa)!

Olhem, foda-se!
Magia:

0 Comments:

Post a Comment

<< Home