Friday, June 02, 2017

POIS...

Como se demonstra por cá, o meu principal objectivo é não me irritar e aceitar as inevitabilidades pelo que elas são: inevitáveis.
Quanto a não me irritar, este é um trabalho em curso em que tenho tido um sucesso moderado; moderado mas de que me orgulho porque traz consigo um enorme esforço.
Quanto às inevitabilidades, tenho tido manifestamente mais sucesso e o não tem sido moderado, ao contrário da irritabilidade. 

E uma coisa está ligada à outra.
O inevitável irritava-me muito e deixou, em grande medida, de o fazer. Agora, quase só me irrito com o que posso influenciar ou no que posso, realisticamente, dominar.

Sucede que mesmo quanto às inevitabilidades o sucesso não é completo e isso é profundamente irritante. 
De vez em quando ainda fico fodido com o escorpião que pica e com o pulmão que respira o que ainda me irrita mais porque me torna mais estúpido do que deveria ser: caralho, estavas à espera de quê?! grita-me o cérebro e fico a olhar para ele como aqueles cães que acabam de fazer asneira.

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K, disse ao Cenas que estou numa relação contigo porque não quero que pensem que ando a esconder alguma coisa.

É justo. Não tenho problema de princípio com dizer ou com não dizer.
Não dizer era tranquilo porque as pessoas não têm nada que ver com a vida pessoal das outras;
Dizer era tranquilo porque ainda que as pessoas não tenham nada que ver com a vida pessoal das outras, a verdade é que, às vezes, não dizer parece esconder.

Então, 
isto não deveria ser um problema, certo?
Errado.

A mesma circunstância não mereceu o mesmo tratamento quando a dor não era tão própria mas alheia.
Agora! é melhor mas antes era irrelevante ou pior que isso.

A situação, em si, não me chateia. Como disse, dá-me no mesmo.
O que já não me dá no mesmo é a sobrevalorização pessoal em confronto com a valorização alheia.
Ah, K. Que parvoíce! Se não te faz diferença, não sei por que te chateias. É vontade de ser difícil!
Não é.

Aprendi, há muito, que os actos não são isolados e é preferível encontrar a tendência no que não causa dano para que, mais tarde, o possamos evitar ou, pelo menos, estar preparado para eles.

As pessoas são egoístas e isso é inevitável.
Inevitabilidades já não me deveriam irritar.
Estou muito irritado.

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Naturalmente, não é só isto.
Desagrada-me dar-me mal com mudanças.
Agrada-me o facto de me adaptar a todas as mudanças ainda que não me agradem - e nenhuma me aguarda - de forma rápida.

O momento que medeia a apresentação da mudança e a adaptação, contudo, é miserável e não reajo à miséria com tristeza mas com agressividade e mau feitio.
Então, tudo o que me compreenderia e aceitaria racionalmente dá uma volta para o pior porque todos os motivos são bons para vazar raiva.

Fosse alentejano e sentar-me-ia numa cadeira à espera que passasse mas dá-se que não sou.

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E porque nunca é demais relembrar a lição que serva para tudo, incluindo a questão das inevitabilidades:


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