Friday, March 15, 2019

After Life

Este é o nome da série escrita, protagonizada, realizada e produzida pelo Ricky Gervais para a Netflix.
Em grosso, trata-se de um gajo que perdeu - morreu, não se esqueceu onde a deixou - e que perde o rumo.
Há muito que aprecio o Gervais e, por isso, acompanho tudo o que ele vai fazendo.

...de todo o modo:

A dado momento, a personagem principal diz a uma outra qualquer coisa como:
Aqui é um bom sítio para progredir, não ligues ao que tenho andado a dizer. Eu não progredi na carreira, não fui promovido e nem mudei de emprego porque não fiz por isso.
Não me esforcei muito nem fiquei a trabalhar até mais tarde. Podia ter feito mais. Não quis.
O que era importante para mim era ir ter com ela logo que o horário de serviço terminasse porque queria passar com ela o máximo tempo que conseguisse!

Compreendo.
Quero o mesmo.
O que me distingue da personagem que isto diz não é a vontade mas a personalidade.
Eu, como ele, dou mais importância ao tempo que passo com Ela do que à progressão profissional ou a ganhar mais dinheiro. Eu, como ele, espero estar com Ela o mais que consigo.
Eu, não como ele, detesto perder. Eu, não como ele, tenho um ego que me preenche a maioria dos poros, o que me impede de fazer o estritamente necessário porque...bem, porque sou e quero ser melhor que a maioria e quero ser melhor que a minoria que é melhor que a maioria.

Não fosse este defeito de fabrico e não verteria uma gota de suor por trabalho ou outra coisa que me interesse menos.
Mas sou defeituoso.

Poder-se-á pensar que esta minha perspectiva apareceu com o passar dos anos.
Agora sou mais manso e sentimental do que era.
Posso, até, ser estar mais manso (o que, confiem, é uma coisa boa) mas não estou mais sentimental.
Eu sempre quis o ter o que descrevi e tanto quis que recusei o que quer que fosse a menos.

Ah, K, mas finalmente apareceu!
No momento certo, acho que sim.
Podia ter acontecido antes e poderia ter sido mais cedo porque a minha vontade sempre existiu e pode mesmo ter acontecido oportunidade para se concretizar mas, nesse tempo isso, eu era uma outra pessoa.
Queria o que quero mas não conseguia fazer tudo o que devia por isso.

Em boa verdade, talvez não consiga ainda.
Não renego a minha parte de virtude na relação que agora tenho mas e dEla é muito maior que a minha.
É Ela quem me segura pelo braço quando quero desaparecer.
É Ela que tolera quando, injustamente, sou mais agreste.
É Ela que me abraça quando quero que tudo vá pó caralho.

Enfim.
Era só pra dizer.

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