Bitches

Hoje, fui almoçar com Ela a um restaurante aqui ao lado.

O serviço era tão mau que ultrapassou a minha irritação natural e passei a achar graça.

Ao nosso lado, estava uma mesa com dois gajos e uma gaja; esta mesa estava, também, a lutar pela atenção do empregado e, por isso, ri-me na direcção dessa mesa. Não me ri para nenhuma das pessoas. Ri-me na direcção.

Uns minutos depois, o gajo mais velho da mesa falou em termos manifestamente rudes com Ela. Aquela merda foi tão parva que demorei um instante para perceber o que estava a acontecer.

Depois percebi. E respondi. 

Essa mesa tinha dois gajos - como disse - e respondi em termos que podiam ter sido mais agrestes mas, na minha cabeça, mais agreste só partindo os cornos a alguém. Enquanto engrossava, pensava bem...se esta merda azeda mesmo vou ter ir pra cima de dois...

Pensei isto porquê?

Bem... primeiro, porque estavam dois a almoçar e eu estava sozinho; segundo, porque para alguém falar assim na minha direcção - pior: com Ela - devia estar confiante que me ia partir, se não sozinho, com o amigo.

Mas não...

O camelo pediu desculpa umas três ou quatro vezes enquanto as minhas veias continuavam a saltar.

Será que o gajo pensou que eu não ia dizer nada?

Será que o gajo pensou que em lugares chiques como aquele apenas almoçam homens sofisticados que o tornariam o alfa, ali?

...não entendo...

Imagino que o gajo tenha achado que ia brilhar para com a miúda que estava com ele e que deve andar a comer - isso sim, pareceu-me o problema - e, depois, saiu como um panisga?

...não entendo...

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Dou por mim dividido, quando ao que fiz:

O meu Eu que quero ser está contente.

Engrossar resolveu o problema e não foi preciso mais do que isso.

O meu Eu que quero deixar (ainda que não completamente) está meio fodido.

Falei mais do que devia. Bati menos do que devia.

Estes filhos da puta precisam de aprender.

O segundo Eu está a ganhar, neste preciso momento.