A Chatice de Ser Humano
Sou um gajo resoluto.
Não sou tão resoluto como pareço.
A aparência que supera a realidade resulta da rapidez com que tomo decisões e com a forma simplificada com que observo e tento resolver questões.
Queres vir jantar comigo?
- Não.
Mas...nem sequer ponderaste...
- Poderei. Só que ponderei muito depressa.
Sou um gajo cerebral.
Não sou tão cerebral como pareço.
Interessa-me e esforço-me por ver o que lá está de forma objectiva porque a realidade supera, sempre, a fantasia. A melhor maneira de não nos enganarmos é ver o que lá está e não o que gostaríamos que lá estivesse.
Infelizmente, sou mais Humano do que gostaria de ser e, numa linha directa e sem nenhum desvio, por isso, mais estúpido.
Por este dias, perguntei por cá como anda a expansão e como me afectaria isso.
Em português directo: vou ser promovido?
Dúvida lógica. Interesse legítimo.
O problema é este: não estou verdadeiramente interessado em ser promovido. Vejo muitas desvantagens e apenas uma vantagem.
A vantagem é, naturalmente, ganhar mais.
As desvantagens são tudo o resto.
Então, a pergunta surgiu porquê?
É um misto de achar que é isto que os adultos fazem com o meu ego não admite que a minha inteligência não seja reconhecida.
Novamente e minutos depois: caguei no que os adultos fazem e o que os outros pensam interessa-me nada.
Fiz porquê?
Porque sou Humano e, por isso, estúpido.
....e, por estes dias também:
Descobri que uma gaja que conheço e que trabalha noutro lugar a fazer (julgo) o mesmo que eu ganha mais que eu, pelo menos nominalmente.
O que ganha a mais que eu é uma miséria;
As pessoas com ela trabalha (uma ou duas que conheço) são insuportáveis.
E ainda assim essa merda chateou-me.
Novamente, ego.
Novamente, acho que é o que os adultos fazem.
O que me interessa o dinheiro? Muito pouco.
Sendo que, ainda assim, tive de ressalvar que apenas nominalmente ganha mais do que eu, o que poderia indiciar coisa diferente. Indicia mas não é. É ego.
Depois, onde eu estou, as regras que me chateiam não me são, de facto, impostas. Começa na indumentária, passa pelas formalidades que não me são exigidas e pelos excessos que me são perdoados.
Dito tudo isto: estou meio fodido mas a passar-me porque a intelectualidade está, felizmente e como deve ser, a suplantar a Humanidade.
Somos todos um emaranhado de contradições.
Não aprecio ser como todos.
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