Monday, March 11, 2013

Idades

A juventude é uma maravilha mas, objectivamente falando, talvez a possamos qualificar quase como uma perda de tempo.
Há demasiadas coisas que não se entendem e, pior, há imensas coisas que se julga entender mas que, de facto, assim não é.
Infelizmente, há muitas pessoas que não passam esta fase de julgar entender para entender de facto e, se quiser ser honesto, não sei se esse caso se aplica também a mim; na verdade, como saber se se pertende a um grupo ou a outro se a certeza de hoje é igual à de ontem e a de ontem estava errada?
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1) estou, agora, a ler o 1984.
Comentei esse facto com uma amiga minha que me disse que este livro era um must reed e que mais vale tarde do que nunca.
Concordei mas não me parece que há dez anos atrás estaria preparado para o ler e entender, apesar de já na altura saber juntar letras umas a seguir às outras.
Quantos livros/músicas/quadros terei lido/ouvido/visto que, apesar de o não saber, não estava pronto para entender?
Mistério que não será desvendado porque não farei tudo outra vez.
2) o conceito de equilíbrio ainda me é estranho mas agora consigo vê-lo, ainda que não o consiga, ainda, praticar.
Os meus amigos e amigas tendem a ser, quando comigo convivem, mais tolerantes e calmos com outras pessoas. Por exemplo, quando num restaurante, os que normalmente reclamariam evitam fazê-lo quando jantam comigo; os que se irritam no trânsito tendem a irritar-se menos comigo no carro e por aí adiante.
Esta coisa parecia-me parva quando me contavam que assim era, ou melhor, quando me contavam experiências com as mesmas pessoas em condições semelhantes com as que passavam comigo mas com uma postura diferente.
O que acontecia - e ainda acontece, ainda que menos - é que eu me irrito com alguma facilidade e, de forma insconsciente até que chamados a essa consciências - os meus amigos e amigas mantinham uma calma maior porque entendiam a minha como menor e, assim, evitavam lançar gasolina para a fogueira.
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Estes são pequenos e talvez até insignificantes exemplos mas podem ser tidos como um quadro para o enquadramento geral.
Não somos uma coisa absoluta mas o problema é que precisamos de nos definir porque a isso fomos ensinados para que possa existir uma certa estrutura até interna...mas TUDO depende de contexto.
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Eu sou tenso e irritável mas não quando comparado com o Mike Tyson;
Eu sou de Direita mas não quando comparado com os Republicanos dos EUA;
Eu sou de Esquerda mas não quando comparado com os Comunistas ou Bloquistas;
Eu sou inteligente mas não quando comparado com o Steve Hawking;
Eu sou burro mas não quando comparado com a Snooki.
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Por muito que me irrite, e irrita, tudo é contexto.


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