Saturday, March 15, 2014

Um Gajo Quer Aparecer Mais Mas Não Consegue

RACISMO

Um gajo quando é novo é parvo. Parece uma afirmação tendente a atacar a juventude mas não é. É apenas uma constatação de facto. Alguns ultrapassam a parvoíce, outros não.
Quando era miúdo não me lembro de ser racista em relação à tom da pele mas é provável que a dado momento o tenha sido. Devo ter embarcado na onda de uns serem mais burros que outros mas nunca foi uma coisa entranhada em mim.

E o que me tornava, como todas as crianças, parva?
Não conhecia não brancos. Não conhecia homos. Não conhecia, sequer, judeus.
Às pessoas que não são, mesmo, racistas mas lhes vestem a pele, por muito pouco tempo que o seja, o ponto comum é a falta de vontade e o desconforto da diferença. O desconforto criado pelo desconhecido, desconforto criado pela eventual desordem (é o mesmo motivo que cria as teorias da conspiração. As teorias da conspiração são a tentativa de ordenar aquilo que, as mais das vezes, não é ordenável; da mesma maneira que a gota de chuva não tem uma agenda escondida para cair naquele momento).

A única vez que me senti racista foi já adulto.
Porquê? Numa penada: ia num comboi e ao meu lado senta-se um preto. O preto cheirava mal; cheirava mal porque não devia tomar banho há tempos e porque tinha bebido mais do que era tolerável em termos de vapores. Por momentos, hesitei quanto a mudar de lugar porque temi que ele pensasse que eu me ia porque ele era preto e não pelo motivo verdadeiro (podia ser insensível ao próprio odor).

Senti-me racista porque a cor da pele fez-me ponderar se deveria fazer o que faria sem hesitar.
Entre hipocrisia e racismo...
Acabei por mudar de lugar, porque não sou racista.

IGNORÂNCIA

Esta é outra discussão injusta...
Há ignorantes de várias estirpes mas, porque os dias vão passando, comecei a lamentar a existência de uns quantos.
Por natureza, o que não gosto faz-me ter vontade de bater. Irritam-me pessoas que se orgulham por não ler, por não saber história, por não perceber geografia... Não me irritam os que não lêem, os que não sabem história, os que não sabem geografia...Irritam-me os que disso se orgulham.

Mas há uma outra estirpe.
Há os ignorantes que desonhecem, sem culpa, a sua ignorância.

Há uns tempos, deu uma reportagem de um gajo que tinha fugido de um campo de concentração norte-coreano. Ele não sabia que a Terra era redonda nem imaginava o heliocentrismo. Ele desconhecia, inclusive, que existiam galinhas e que tipo de relação se estabelece com familiares. Não sabia que havia mais qualquer coisa além do campo; chegou ao ponto de quando lhe perguntaram o motivo de se não ter evadido mais cedo ter respondido mas para quê? eu achava que era tudo assim...

Ele era ignorante...mas não sabia nem tinha como saber.
O mesmo se passa em termos académicos e profissionais. Se não se sabe não se pode saber.

Se quem te molda o espírito sabe pouco ou interessa-se pouco, a culpa de não ser possível entender a nuance ou o pensamento complexo não é exclusivamente própria.
Pode-se dizer que quem quer aprender aprende e há, seguramente, muitos exemplos desses. A questão, contudo, é se é exigível ou apropriado exigir a quem não sabe que saiba; será exigívil exigir a um cego saber que o sangue é vermelho se quem o ensinou lhe disse que é verde?

Hoje chama-se a esta coisa, eufemisticamente, vantagens competitivas quando a verdade é que são a desigualdade em si.
Gente mantida na ignorância não sabe ver telejornais, não está pronta para isso. A obrigatoriedade do ensino da escrita e a tentativa de assassinar o anlfabetismo foi o maior contributo para a democracia e para a igualdade mas é apenas isso: um contributo.

Hoje, temos mais analfabetos, é evidente, mas ainda temos uma quantidade inadmissível de analfabetos funcionais.

GAJAS

Já o escrevi e disse milhões de vezes: Não tivesse eu este mau feitio que me acompanha e seria um brinquedo nas mãos femininas.

Isto pode parecer parvo mas não gosto de ser excessivamente tocado por mulheres. Tornado claro: eu não gosto de ser excessivamente tocado por mulheres que ainda não sei se vou comer.
Cada vez que uma gaja me toca no braço e ri-se fico a pensar em malhá-la;
Cada vez que uma gaja fala demasiado perto da minha cara fico a pensar em malhá-la;
Cada vez que uma gaja me olha demasiadamente fixo nos olhos fico a pensar em malhá-la.
E naturalmente, não malho, as mais das vezes porque não me deixam, todas as gajas com quem isto me acontece.

Ah, isso é parvo e tal, pois é mas é o que é.
Há anos, uma gaja andou a roçar-se violentamente em mim e depois, contra todas as expectativas e probebilidades, não a malhei (porque não me deixou, claro).
Ora, fiquei com uma tal dor testicular que me custou subir as escadas para ir para casa e essa dor não vale a pena ser sentida por um qualquer encostar.

Então, a coisa é esta!
Não sou um micro-ondas para andar a aquecer.
Não sou um brinquedo para fazer festas durante algum tempo.
Não sou vosso amiguinho para falar de sapatos.

Se me querem passar a mão no pêlo, é bom que estejam preparadas para que vos coma o couro.

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