Wednesday, May 27, 2015

Parece-me que há uns tempos manifestei por cá o meu desagrado pelo facto de as gerações mais novas estarem a desabituarem-se das mais básicas normas de etiqueta e, se bem me lembro, o exemplo que dei foi o de as miúdas não perceberem o motivo de não entrar no elevador quando já lá estava à espera.

Mais uma coisa nesse mesmo sentido mas não exactamente igual.

O meu humor anda (não completamente, como se tem visto há coisas boas a acontecerem) uma merda porque tenho de fazer uma coisa que não me apetece e eu odeio (palavra que uso com parcimónia porque usada em abuso perde o sentido) fazer o que não me apetece.
Hoje, quando cheguei, tinha um E-mail que me dizia:
K, manda-me umas 20 (cenas) para ir fazendo, assim é mais rápido.

Resisti muito e, embora parecendo parvo, tiveram que insistir comigo com força para aceitar que me ajudassem.
Quando aceitei, mandei outro E-mail, com CC para quem me quer ajudar, ao gajo que coordena o trabalho mais ou menos neste sentido:
Gajo,
a X, como vês, ofereceu-se para ajudar na (cenas), coisa que se me ajuda a mim mas também a ti.
Se tiveres alguma coisa a obstar, avisa.

Ora, quem se ofereceu para me ajudar não percebeu o que me levou a avisar e dizer que ela o ia fazer, especialmente porque ninguém precisava de saber.
Comigo, a coisa não funciona dessa maneira.
Já me é difícil aceitar que me ajudem mas é-me impossível ficar com créditos que não me pertencem e, ademais, quem faz merece ser reconhecido por isso, ainda mais quando o faz desinteressadamente.

E é isto,
as pessoas desabituam-se de receber o tratamento que merecem porque já não contam com ele ou nunca o conheceram.
Fico a parecer um gajo impecável só porque sou normal.

Apesar de me desgostar o hábito de justeza que se perdeu, agrada-me que ainda haja gente desta.

Como com as crianças que gostam de Samba, é outra coisa que faz com que se pense que o mundo tem salvação.

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