Friday, June 26, 2015

Não Há Momentos Insignificantes

Já não me lembro em que parte da discrição deste blog digo que gosto da Teoria do Caos e gosto quer por ser a explanação da imprevisibiliade quer por dar um imenso relevo a coisas que não são, à partida, detectáveis. E quando escrevo imprevisibilidade não quero dizer que são literalmente imprevisíveis mas antes que as nuances são tão ténues que passam despercebidas; caso as entendéssemos, deixariam de ser imprevisíveis.

AS HELENAS QUE NÃO SÃO TODAS DE TRÓIA

Acabo de ler uma reportagem sobre o idiota que entrou numa igreja, nos estates e matou, acho, 8 pretos.
O que ele terá dito, quando questionado por que o tinha feito, foi que estava a tentar provocar uma guerra racial ou coisa que o valha.
Entrevistaram, também, um primo dele que disse que o assassino nunca tinha conseguido ultrapassar o facto de a namorada o ter trocado por um preto.

Pois bem, eu acredito no primo.
Eu sei que parece parvo, eu sei que é diminuto e ridículo e eu sei que isto não é motivo para que ele entrasse na igreja e aviasse gente... eu sei que parece e, contudo, acho que foi o que aconteceu.

Conta-se que o ódio do Che pelos americanos não terá conhecido o seu início de forma muito diferente.
Eu sei que se vão bater teses quanto ao comunismo dele e o combate ao imperialismo e cenas que tais mas o que terá acontecido (e não posso garantir que tenha acontecido nem que tenha sido, realmente, a génese) foi o seguinte: O Che estava com uma chavala num bar que tinha como clientes, também, Marines; os Marines, encorpados em em grupo, ter-se-ão metido com a miúda e o Che sentiu-se - compreensivelmente - humilhado.

Eu sei que parece mesquinho e desproporcionado, até porque ele se tornou um símbolo da luta armada do povo e tal....e, contudo, acho que este episódio teve um peso imenso.

Podia falar de Helena de Tróia, podia falar da Cleópatra, poderia falar da Mata Hari e de tantos outros exemplos conhecidos e outros de que não posso falar mas não conheço.
Não é minha intenção demonizar a mulher (que, apesar de tudo, alguém fez primeiro com a cena da maçã), nada disso. Só uso estes exemplos porque gosto muito de mulheres e porque questões eventualmente frívolas e insignificantes desencadiam acontecimento trágicou ou muito marcantes para a história da humanidade.

Nada é insignificante mas, às vezes, descobrimos muito tarde e outras vezes não chegamos, sequer, a descobrir.

CIÚMES E POSSESSIVIDADE

É muitas vezes usado o termo possessivo como eufemismo para ciumento e há bons motivos para isso. A diferença, em termos de resultado, entre um e outro, não é muito grande mas, novamente, coisas pequenas...

Eu, na qualidade de Possessivo assumido, entendo a diferença entre uma coisa e outra desta maneira:
O que é meu não é para ser tocado ou incomodado de forma nenhuma, muito menos na minha presença. Não gosto que se estiquem com o que me pertence mas isto é apenas vindo de terceiros.

Se eu fosse Ciumento a questão poderia também ser esta mas não só.
Quem tem ciúmes tem medo de perder o que lhe pertence e isto eu não sinto; se eu sentir que quem me pertence tem vontade de olhar para outro lado que não eu deixa de me pertencer e eu passo-me ao caralho.
Nunca tive uma dúvida deste tipo em nenhum relacionamento e nenhum terminou por causa disto.

Para tentar ilustar:
Se eu estiver num bar e um gajo se vier meter com quem me acompanha tomo como falta de respeito. Ela está comigo, é bom que, assim que o saibas, mantenhas a distância ou peças desculpa.
Neste caso que descrevi não me ocorre que o gajo tenha sido instigado ou apoiado por quem está comigo para este tipo de comportamento; não me ocorre que quem está comigo possa ter algum interesse na outra pessoa.
Nem me ocorre. Caso ocorra...passo-me ao caralho.

Não gosto de dúvidas, não vivo bem com isso.
Não estou onde não me querem e não podem querer outra coisa que não eu.

TODA A GENTE TEM ISSUES

- Hmm...mas se não gostas disso e não queres isso, como é que alguma vez conseguiste ter um relacionamento?!
- Fui apanhado. Não o vi chegar...
- Tá bem. Ok. Mas depois de seres apanhado ficaste lá. É porque gostaste.
- Sim, é evidente...mas ainda assim, as coisas não foram assim tão fáceis...
- Como assim?! Tu não és "agarrável"!
- Pois não; tanto não sou que quando não queria mesmo lá estar, fui-me embora. Sempre!
- ....
- Então... o que acontece é que às vezes, do nada, eu sentia que "não". E não era um "que não" por qualquer motivo, nada tinha acontecido. Era a minha natureza a acordar. Eu queria estar onde estava mas, ainda assim, era empurrado para não estar lá.
- ...mas então, como sobreviveu a coisa?
- Elas percebiam quando eu estava a queimar e seguravam-me... foi sempre assim. Elas percebiam que eu me estava a ir embora, percebiam que era uma estupidez que eu não controlava e seguravam-me...
- ...mas tu avisavas ou adivinhavam?!
- ...adivinhavam...não é difícil...

Uns dias antes desta conversa estava a falar com um amigo sobre uma coisas e numa das frases ele percebeu que eu tinha dito foder em vez de resolver. Não achou estranho. Foder isto, em contexto, seria menos estranho do que resolver.

Então,
não é por ser particularmente especial ou incrível (que admito poder ser em determinados parâmetros mas nunca em geral) que é preciso que quem me quer por perto me queir muito!
É porque dá muito trabalho...

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