Friday, July 10, 2015

Critico muito coisas da minha juventude, não por delas me arrepender porque não sabia mais, mas por pensar foda-se, como podias ser tão burro!!.

Uma dessas coisas tinha que ver com cantores e autores.
Na minha cabeça pessoas que se limitavam a cantar o que pertencia a outros eram apenas parasitas. Não me ocorria que quem escreve não conseguisse cantar nem que mesmo que quem conseguisse poderia fazê-lo com menor qualidade.

A coisa foi mudando e a transformação acabou por dar-se com o Ney.
Cartola cantado por Cartola é de qualidade inferior a Cartola cantado por Ney (o que acontece com quase tudo que o Ney canta, independentemente do autor) mas o que ainda acontece é o seguinte:
Às vezes, em certas alturas, não é particularmente relevante o quão bem cantado ou tocado é. Há ocasiões em que se precisa ou se deve ouvir na fonte, especialmente com alguns temas e alguns géneros musicais.

Será relativamente indiferente quem canta o Toxic ou a November Rain; não fará uma grande diferença quem canta o Nós Pimba. O sentimento pode ser particular mas não é necessariamente denso.

Cartola a cantar O Mundo é Um Moinho é diferente do Ney porque quem teve um enteada (quase filha) puta foi o Cartola; foi ao Cartola quem doeu mesmo.
O Ney a cantar esta música é um sonho; o Cartola a cantar esta canção é de cortar o peito ao meio.

Mesma coisa no que se segue:
A Roberta, que por cá já passou, a cantar A Flor e o Espinho é, para mim, mais agradável e melhor interpretado, em termos de voz e colocação e tudo isso mas a mesma música, cantada pelo Nelson Cavaquinho, que a escreveu e a quem doeu, é uma outra coisa.
(e ainda foi com Minha Festa, de bónus)

Então,
nem sempre a perfeição interessa.
nem todos os dias precisamos que o que entra seja cristalinamente mostrado.
às vezes é a verdade.
às vezes de onde veio interessa muito.

Só que não pode ser sempre porque as depressões devem alimentar-se de merdas deste tipo.

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