Tuesday, September 15, 2015

Apesar de não ser uma coisa escondida - para mim e para mais meia dúzia é, até, bastante aparente - é um bocado cansativo ser-se eu ou como eu, apesar de pouco reconhecido. Não por uma especial complexidade que acho que não me ocupa mas porque a simplicidade é, frequentemente, contraditória não nos termos mas sim na prática.

É pouco reconhecido porque todos nós vamos precisando de mecanismos de compreensão que ordenem a nossa existência. Mesmo aqueles que se acham fora do sistema e, por isso, especiais, precisam de se considerar e ser considerados fora do sistema para que a sua identidade seja reconhecida e reconhecível.
Não é que a humanidade seja burra mas prefere ser cega.

Para cair um bocado na nerdice, um exemplo simples:
aquando da morte por enforcamento do Saddam o preço do petróleo caiu (facto).
A bloomberg, em rodinha, disse que a morte do Saddam tinha feito o preço do petróleo cair.
pouco depois (não tenho a certeza de ter sido mais do que um dia) da morte por enforcamento do Saddam o preço do petróleo subiu.
A bloomberg, em rodinha, disse que a morte do Saddam tinha feito o preço do petróleo subir.

É óbvio que isto é contraditório mas não podemos, hoje, dizer que não sabemos por que motivo o preço do petróleo oscilou e não podemos porque é preciso haver uma explicação mesmo quando não há nenhuma.
Um gajo que dissesse que não sabia o motivo da subida nem da descida seria despedido e estaria mais certo do que aquele que sabia.

Voltando:
não é escondida porque é abertamente assumida.

No mesmo dia, às vezes na mesma hora, ouço Stan Getz e Slipknot.
Ando permanentemente a dizer - e a ser sincero quando o digo - que preciso que tomem conta de mim e depois não consigo - ou não consegui, até agora, deixar.
Detesto ser uma besta porque as pessoas não têm culpa das minhas oscilações de humor e sou uma besta muitas mais vezes do que as que queria.

Uma pessoa:
- Eu ofereço-me para fazer X por ti e tu nunca aceitas nada! Não percebo... achas que te torna fraco?
Não é por isso que não quero mas se calhar até é e não sei.

Outra pessoa, depois de ter levado com uma patada de mau feitio de que me arrependi quase imediatamente a seguir disse-me:
- K... é uma pessoa muito difícil de desiludir... uma pessoa sente-se uma merda quando sente que fez menos do que aquilo que querias...
E é verdade, eu sei que isso é verdade. Não parte, apenas, da necessidade que tenham de que as aprove mas, acho, mais do facto de que eu (quase) nunca desiludo...o que torna as respostas às minhas necessidade quase imperativas.
A isto acresce aquilo que se pode chamar de síndrome de guarda-redes de equipa grande: um guarda-redes de equipa pequena pode falar duas defesas porque faz 20; o guarda-redes de equipa grande não pode falhar duas defesas porque faz 4.

Não me acho particularmente complicado mas acho que sou um bocado difícil mas sou difícil também para mim.

E agora, apesar de ter pensado noutra coisas, vai o que se segue porque estamos melancólicos (adoro o plural majestático!!)
...e eu a falar em estrelas,
mar, amor, luar...pobre de mim que só sei te amar

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