Tem acontecido que achem que sou pior do que o que me pinto.
Essa afirmação baseia-se em não se ver, com frequência, os meus defeitos mais vincados porque, na maior parte do tempo, não é preciso e, além de não ser preciso, vou fazendo o que posso para evitar que as situações em que sou o bicho que digo ser aconteçam.
Por estes dias, fiquei perdido no meio do mato. Não sei se poderei usar o termo perdido com propriedade porque sabia (mais imaginava mas...) a direcção para onde queria ir mas não o caminho exacto para onde queria ir.
A dado momento, percebi que aquela merda me estava a irritar. Além de estar perdido estava, também, de havaianas no meio de pedregulhos e terra e silvas e sei lá que mais... quando a irritação chegou ao ponto do silêncio, ceguei.
Já estava cansado com o que tinha andado a fazer antes - visivelmente cansado - mas aconteceu o que acontece quando cego: nada mais importa e é até queimar! Comecei a andar como se tivesse acordado naquele momento, mal calçado, com pedras a bater-me nos dedos e nada disso importava, entrei em automático, deixei de falar e fui.
Não estava sozinho e ouvi, passado algum tempo, K...tens de ir mais devagar, não vou aguentar...
Contrariado, andei mais devagar mas continuei sem falar até chegar onde tinha de chegar.
Não foi agradável mas já tinha avisado que irritado não sou uma coisa bonita de se ver.
A coisa não foi levada a peito, felizmente, mas passado algum tempo, quando acalmei, desculpei-me.
E quando achava que as minhas desculpas iam ser, apenas, recebidas com boa educação, ouvi isto (o que me deixou de boca aberta e não qualificarei como verdade, mentira nem coisa alguma):
- Não faz mal. Eu vi que estavas irritado e cheguei a achar que ainda me ias deixar para trás mas, pelos vistos, o teu estado de cegueira nem é assim tão mau.... e tem uma coisa muito boa: é certo que em situações de stress e de desespero não paralisas; podes ficar cego, podes ser muito desagradável mas paralisar, não e isso é uma coisa muito boa.
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