O Mito do Livre Arbítrio
Em termos puros, ele existe. Temos sempre escolha, diz-se, e isto não é falso, é só ilusório muitas das vezes.
Nesta época do antropocentrismo, que apoio e de que gosto por ser palpável, vende-se que somos o que queremos ser e que pensamos pela nossa própria cabeça o que, mais uma vez, pode não ser falso mas é ilusório.
Para tentar ilustrar estas coisas:
É justo que o trabalho seja premiado mas o prémio não deveria ser o fundamento de um trabalho mais bem feito; o prémio haveria de ser a consequência e não a génese.
A realidade, contudo, mostra-nos uma coisa diferente e revela que homens das cavernas - como eu - são uma minoria porque mais do que acharem o que disse no parágrafo anterior fazem mesmo isso.
O Livre Arbítrio não é igual mas é parecido no sentido em que lhe é atribuído um valor abstracto que não encontra paralelo na realidade.
O que quero dizer, mais ou menos, é isto:
Nós somos sempre condicionados.
É uma maravilha achar-se que se decide sem amarras e objectivamente mas é uma maravilha utópica. E não, nem sequer me refiro aos óbvios condicionalismos impostos pela sociedade em que estamos inseridos ou na empresa onde trabalhamos, falo de algo mais abrangente, muito mais abrangente.
Então,
eu acho que tudo (e este tudo é mesmo tudo) resulta de acção e reacção.
Em termos práticos e simplistas: o filho de um drogado terá mais propensão a ser drogado ou a ser absolutamente fundamentalista contra as drogas - reagiu ao exemplo ou seguiu o exemplo.
Mais simples e mais pessoa: a minha Mãe não teve uma que se possa chamar tal coisa e talvez a mãe dela também não tenha tido: a minha poderia ser, também ela, uma fotocópia desbotado do que uma mãe deve ser ou uma versão muito extrema e protectora. Com todas as consequências disso, seguiu a segunda para muita felicidade nossa.
...e é isto que quero dizer.
O Livre Arbítrio em estado puro não existe porque estamos condicionados pelo que vivemos e é essa marca profunda e constante que molda o que fazemos e quando o fazemos, não é um exercício intelectual.
Reparem:
acho que resulta com bastante clareza que apesar de ter um sangue que ferve com muita facilidade desenvolvo um enorme esforço para ser racional, primeiro.
A racionalidade, na verdade, tem-me trazido muitos benefícios porque é isso que me impede de muitos enganos. A visão fria e real permite-me prever comportamentos e situações que esses comportamentos criam.
...e depois...
Peçam-me para entender que, às vezes, quando nos dizem és tão chato.... não é exactamente isso que querem dizer. Às vezes é um desabafo ou uma graça e não tem o seu valor facial.
À primeira, é-me impossível entender, mesmo quando é óbvio.
Peçam-me para entender que quando se diz, por exemplo, não estou feliz.. é um pedido para se alterar o que as torna infelizes e não uma afirmação absoluta de que estão infelizes contigo.
Deveria perceber porque, muitas vezes, é também óbvio. Não consigo.
SE eu fosse livre, entenderia, Não sou.
Só para ter graça:
Há uns dias, mais ou menos na mesma altura em que colei por cá, disse a uma pessoa que se um dia me casasse seria com essa música.
Olhou para mim e sorriu.
Ontem, disse a mesma coisa a uma outra pessoa.
Olhou-me espantada porque não imaginaria que eu, mesmo em fantasia, ponderasse uma coisa ou outra.
Uma delas devia conhecer-me melhor, porque eu deixo.
Sem sair da graça:
A afirmação quando a música e a casamento surgiu-me porque vi a cena final do último American Pie (acho que pela primeira vez) e essa cena é o casamento e a primeira música do casal.
Filme um bocado miserável mas que música escolheram para o efeito?
Esta, na versão original mas que me é menos querida:
Fiquei, então, a pensar que por cá a valsa é um chacete... e pensei, também, que como a música é muito importante para mim, haveria de ser algo a que deveria dar muita importância e a At Last será das poucas músicas de princípio, meio e fim alegre que aprecio.
...e, como acontece com uma muito agradável frequência, mesmo numa merda de um filme (o mesmo se aplica, por exemplo, a livros, como já disse) há sempre alguma coisa a aproveitar.
PS. À pergunta o que significa Invictus Maneo:
Permaneço Invicto.
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