Monday, December 25, 2017

A minha Mãe imagina que há anos atrás a minha família era muito unida e que tudo se desmoronou;
Houve um certo mau-estar porque a minha Avó optou por dar um presente ao meu Pai e não ao meu Irmão ou a mim;
A C recebeu um de 3 anéis que servirão para comprovar a união entre Irmãs;
Houve uma carta escrita a reconhecer um sem número de qualidades e de agradecimentos.

A minha família era capaz de ser tão unida como as outras; quer isto dizer que seria mais que umas e menos que outras.
O que acontece é que o que a desuniu já existia antes e não há pouco tempo. Podia a minha Mãe achar que havia uma aparência de união especial mas não; a minha Mãe acha que o que parecia era.

É certo que não é, no caso em concreto, a mais simpática das coisas ter oferecido um presente ao meu Pai e não ao meu Irmão (em mim, caguei) mas o que interessa isso? Para mim, é mesquinhez. Melhor: é um sentimento de que os seus são tratados injustamente que desemboca em mesquinhez por parte de quem não é mesquinho.

Não possuo qualquer paciência para demonstrações óbvias de ser espectacular.
Vamos todas usar a mesma cena porque somos unidas como nunca foi visto!
Estou a ser desnecessariamente cínico mas este tipo de gestos destinados a mostrar cenas que gestos de facto demonstrariam muito melhor dá-me nos nervos.
Isto não me diz coisa nenhuma e acho demasiado provinciano. O que é público tem menos importância; o que é forçado interessa menos.

Os elogios natalícios são como os presentes: um hábito.
Há, nesta altura, uma propensão para parecer que se quer fazer o bem; uma demonstração de que se quer mudar; uma coisa quase histriónica de elogio fácil.
Ah, K. Cisnimo ou merda do género, outra vez?
Não. Este caso é diferente.
Os outros 3 casos são inócuos e, por isso, irritantes mas este último é - mais ou menos - a génese de todo o meus desconforto com a quadra: pega-se num dia e entende-se que apaga os outros 364.
Não se apaga.
As palavras são fáceis. É por isso que até o vento as leva.

Como não sou maldoso, acho bom que a quadra exista porque muita gente necessitada recebe o que não receberia se esta febre estúpida de se parecer bom e bondoso não existisse. Fico contente que haja quem tenha uma boa refeição ou mais um cobertor ou mais livros e que tais. Acho bem que se tente sangrar esta gente falsa que quer publicar merdas no FB para que se possa admirar a sua magnanimidade. 
...mas eu não dou para isso.

Quando todos andam a acender luzes, eu sinto ser-me esfregado na cara o quão desligado sou de tudo e todos.
É esta época de comunidade que torna ainda mais evidente que eu não tenho uma.

Pode parecer que queria cancelar o Natal e que me causa transtorno.
Causa mais ou menos porque me chateia mas, porque não sou de cá nem de lá, posso dar-me ao luxo do seguinte:
Quando desligar isto, vou comer um caldo verde enquanto vejo o resto do episódio em curso do Manhunt: Unabomber e depois, se não for castigado com chuva, vou para a praia tirar fotografias.

Bye, bitches.

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