Friday, February 15, 2008

O meu dilema não é o bem e o mal.
Não são conceitos que me interessem, não acredito em nenhum dos dois.

O Hitler gostava do cão dele... é certo que gostava mais dele do que de pessoas mas, ainda assim, gostava. E gostar não pertence ao mundo do mal, pertence ao mundo do bem.
O Clinton deixou os EUA na melhor posição económica que alguma vez teve e, agora, anda metido na caridade como se não houvesse amanhã.... mas ornamentava fortemente a mulher. E isso não pertence ao mundo do bem, pertence ao mundo do mal.

Dois exemplos, eventualmente fracos ou pouco conseguidos, de que a pureza não existe, o 100% é teórico e o pior dos seres é capaz de bondade e o melhor dos seres é capaz de maldade.

Isto dito, preocupa-me aquilo que não quero fazer e aquilo que quero fazer.
Isto está longe da barreira bem/mal porque sou capaz, conscientemente, de querer mal [não no sentido de desejar morte e merdas extremas como essa mas, ainda assim, mal] a algumas pessoas ou, no mínimo, não lhes desejar bem.

O problema dá-se quando não sou capaz de fazer bem a quem quero e reflexivamente faço mal.
Outro dia, por exemplo, tive um dia filho da puta, começou no emprego e acabou na minha vida pessoal... tudo correu mal.
Não era motivo para desespero, naturalmente, mas é o suficiente para eu ter a cabeça a funcionar a mil e estar muito pouco preocupado com quem merece ou não pagar.
Poderia dizer que sou um gajo impulsivo mas isso não seria verdade. O que acontece é que desligo... e quando desligo fico dormente e perco a noção de quem é o quê, quero que todos se fodam.

Voltando.
Naquele dia abri a dispensa em busca de amendoins.
Vi a embalagem tipo, abri-a e quando os meti à boca reparei que não eram amendoins mas antes uma daquelas misturadas de frutos secos com amendoins, cajus, milho e sei lá o quê. Naturalmente, fiquei fodido.

A meio de uma conversa, algum tempo depois mas no mesmo dia, lá me saiu "também não percebo, é difícl ler o que diz na embalagem?! Eu gosto de AMENDOINS, não percebo como é possível!!".
Ora, de acordo com a sabedoria popular quem bate esquece, quem apanha, não, então, nunca mais me lembrei daquilo.

Dois dias depois, voltei a abrir a dispensa e lá estava uma outra embalagem, nova, de amendoins.
Nunca me foi dito nada, nunca me foi atirado à cara que foram comprados, nunca se tocou no assunto.
Quando os vi, lembrei-me, uma vez mais: "Foda-se Fenris.... és mesmo um fdp!".

Neste momento, defender-me-ia se dissessse que é porque sou assim que quem me é querido tem sempre quem proteja, é por conta deste feitio do tipo fogo posto que não há quem toque no que é meu ou sequer pondere fazê-lo.... mas seria mentira.

Sou um idiota, isso sim.

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