Wednesday, May 06, 2009


Durante muito tempo sentia uma alegria brutal quando ouvia samba (deste tipo, o de raiz, o mais corrido agrada-me menos), era a minha música de fim de expediente à sexta-feira, este ritmo de cobra que se enrola à nossa volta sempre foi muito amigo dos meus ouvido.
Hoje, a coisa já não é assim.

Hoje, lembra-me de tudo o que me desagrada.
Lembra-me que ainda aqui estou.
Lembra-me que não posso decidir meter-me num boteco e beber cerveja enquanto isto me cerca.
Lembra-me que, apesar do que se diz, o sonho tem limites, especialmente o limite imposto pelo tempo que vai esgotando a possibiliade dele se tornar palpável.

É mais que pertinente perguntar porque continuo a ouvir.
Apesar de eventualmente disparatada, a resposta é simples: Não consigo evitar.
Não tenho muitos exemplos de casos que me incomodam, hábitos de que não me consigo desligar, apesar de dever (poderia falar dos cigarros, mas isso ainda só me dá prazer, não lhe sinto, ainda, o mal).

(a coisa mais parecida com este sentimento de miséria alegre é o número de telefone que já apaguei de todo o lado mas que os meus dedos ainda sabem...).

Poderá não fazer qualquer sentido mas...é qualquer coisa como "se quiserem rezar por mim que o façam a sambar", é etéreo e vai-me ser mais útil, esteja onde estiver.

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