Friday, March 15, 2013

A modernidade pela modernidade incomoda-me. É uma coisa sem rumo nem prumo. É um valor absoluto quando isso é uma coisa que não existe.
Para dar uma pitada a fugir para a sapiência e capacidade de análise, é atentar que, por exemplo, quando as calças jeans foram tidas como um elemento libertador e de afirmação da individualidade, a afirmação e a individualidade gritaram de dor: com esta nova peça de vestuário perderam-me muitos dos trajes clássicos e, por isso, menos modernos mas que tornava os chineses diferentes dos polacos e ganhou-se uma modernidade que é menos individual no sentido de que, esquecendo os traços físicos autóctones, torna os polacos iguais aos chineses.
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Isto veio-me à cabeça porque este fim de semana tive (?!) de conviver com uma tipa que resume em si quase tudo que me irrita nas pessoas e, talvez mais particularmente, nas mulheres. É uma modernidade/espírito artístico/feminismo que me dá náuseas.
Por exemplo, estávamos a falar do facto da Yahoo ter dado um 180 ao decidir que o melhor era que os seus funcionários estivessem presentes nas instalações, para trabalhar. HORROR! As pessoas precisam de liberdade e cenas e eu também não me adapto a horários e cenas e temos de evoluir e cenas para, meio minuto depois, renegar o trabalho em casa porque ah, não, isso não. Horários e tal é mau mas trabalhar em casa não dá e, esperando outro hiato que tal amanhã têm de se juntar todas para analisar o vídeo e quem não aparecer está fora!!! (era uma merda qualquer que um grupo de gajas fazem).
O pior é que esta gente moderna não entende que uma frase conflitua com a outra e a outra com a seguinte.
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Na mesma mesa estava eu; eu que me considero, nos dias de hoje, mais ou menos moderado mas que não me encaro como  moderno porque moderno soa-me, na boca de quem adora utilizar o termo, a ausência de qualquer linha orientadora...mas, em boa verdade, como se viu, a linha orientadora existe quando é própria e deve ser forçada aos outros, os outros que estão parados no tempo.
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Eu, sem vergonha alguma, preciso de estrutura. Não necessariamente muita ou pouca mas preciso de estrutura.
Eu preciso de um horário. Prefiro que não me seja imposto mas eu mesmo imponho-me um. Sem horário desvario.
Eu preciso de uma rotina. A ausência de rotina rebenta-me o fígado e os pulmões, pelo menos, e é responsável pelo homicídio de milhões de neurónios.
Eu preciso do meu lugar. Pode ser um lugar de arestas flutuantes, pode ser um lugar mais abstracto que concreto mas preciso dele.
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O que me irrita, portanto, no modernismo é que ele nem sequer é assim tão moderno. O pessoal de Woodstock era moderno e depois cresceu.
Deixa-me em ponto de bala esta mentalidade de artista de segunda categoria em que a gente vivemos de inspiração e liberdade para todos e cenas quando, bastando para tal fazer uma ínfima pesquisa, estes artistas são os maiores tiranos!
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Uma mulher moderna pode cozinhar, uma pessoa moderna pode ter um horário das 9 às 5 e uma pessoa moderna pode não usar crista ou cabelo cor de rosa.

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