É muito interessante analisar o que as pessoas dizem e aquilo que de facto fazem; nem sequer qualificaria como mentira a dissociação entre o que sai da boca e o acto em sim, infelizmente, muitas das vezes a relação não é directa.
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Parece-me evidente que, como as leis do mercado em geral, o que possui mais valor é aquilo que não possuímos.
Por exemplo: neste momento que vivemos o bem estar - e quando digo bem estar refiro-me, efectivamente, a sustento - tem um valor de mercado muito mais do que, por exemplo, a liberdade. É verdade que continuamos a ouvir incessantemente falar do 25 de Abril e tal mas, hoje e agora, um prato de sopa vale mais do que a liberdade em abstrato cuja falta, em boa verdade, não sentimos porque a temos.
Aconteceria, no entanto, o contrário, acredito eu, se a sopa fartasse e a liberdade escasseasse...mas, em abono daquilo que considero o cidadão médio português, a sopa será sempre mais importante caso ambos os bens sejam deficitários.
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Voltando: o que as pessoas entendem por importante, em abstracto, não é mesmo que praticam, em concreto.
Porquê? Bem, não sei ao certo, apenas conjecturo. Poderá ser uma ideia quimérica, um lirismo, uma ideia martelada por tudo quanto se vai escutando...ou é apenas a tentativa de se fugir de uma simplicidade que se tem por básica e limitada em direcção a uma abstracção de valores que fica bem em letras mas mal no estômago.
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