Saturday, June 27, 2015

Não sei exactamente quando mas este episódio já por aqui passou e deve ter sido há muito tempo. Como me têm feito pensar nisso, não sei se feliz ou infelizmente, lembrei-me dele outra vez.

Tenho uma imagem muito vivida do funeral da avó de um amigo, imagem essa que diz mais de mim do que do evento em si, o que já por si diz pouco do egocentrismo que não me fica pelos limites da pele.
Já tinha estado e já estive em mais funerais, como também já por aqui passou sou mais de funerais do que de casamentos (não por um sentimento mórbido que não possuo mas por achar que sou necessário num funeral mas já não num casamento) mas aquele velório ficou-me marcado como um ferro em brasa na pele de um bovino.

O avô olhava consternado para a companheira que tinha morrido (partido é tão parvo...) e não chorava nem mostrava grande coisa, estava só perdido e vazio, era notório.
Doeu-me e não era comigo, directamente. A ausência é terrível... insultar, bater, odiar, chorar...enfim, qualquer coisa é mais admissível que nada, ainda que em graus diferentes. NADA...não.

Aquele homem estava perdido. Aquele homem tinha-se perdido. Aquele homem era uma concha.

Perdi-o de vista mas vou tendo notícias dele pelo neto, porque pergunto sempre por ele.
A resposta é que ele está bem e eu acho que deve estar melhor mas bem não me parece. Não se recupera daquilo que vi. 

Não gostei do que vi, não quero ser aquele homem mas não vejo como possa ser algo semelhante e não aquilo mesmo; não sei como posso entregar-me o suficiente para não ficar assim então a solução tem sido nada.

Não me parece errado mas não gosto.

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