Comentadores e o meu Problema com Eles
Faz-me confusão a quantidade de comentadores que temos espalhados pelas televisões.
Estas ervas daninhas não podem ser vistas como um fenómeno independente da necessidade de encher tempo de canais noticiosos 24hs, o que, por is só, desvirtua a ideia do que é notícia.
Por estes dias, vejo poucos noticiários porque de notícias têm pouco e ouço poucos comentadores porque de conteúdo têm igualmente pouco.
O que me faz eriçar os pêlos da nuca é que eu era uma coisa parecida com estes debitadores de palavras e tinham uma visão ou postura relativamente semelhante.
Há anos atrás, enquanto falava com um casal de amigos em que um é médico e outra formada em psicologia, eu e ela chegámos a acordo quanto a isto: se a coisa puder ser provada, perde o interesse para a discussão.
Porque ele é cientista, isto fazia-lhe uma extrema confusão. Para ele, interessava-lhe saber, de facto; a nós chegava-nos parecer que sabíamos.
Hoje, ouço-me dizer estas coisas tenho vontade de me espancar.
Os comentadores que por aí vemos debitam, na grande maioria das vezes, ignorância com a aparência de uma outra coisa. A esmagadora maioria deles ainda vive na teoria do contra-argumento, coisa antiga dos sofistas gregos que defende que a efectividade de um dado argumento reside na sua verosimilhanças e não na verdade.
Como disse, eu fiz, orgulhosamente, parte desta massa ignorante durante muito tempo.
A minha ignorância, como a deles, era disfarça com a capacidade de parecer que sabia daquilo que estava a falar e na aparência de verdade - mais lógica do que verdade - daquilo que dizia.
Não se enganem: ainda sou capaz de fazer isto em desespero de causa mas sinto-me sujo quando o faço mas como prefiro alguma sujidade à derrota, quando provocado...
...depois, numa altura relativamente determinada, passei a querer saber coisas e não apenas a parecer que as sabia.
Os soundbites e os comentários deixaram de me interessar e passei a ler coisas sobre cenas, fossem elas que cenas fossem. Hoje tenho muito mais interesse em saber os factos do que em pintar as circunstâncias da forma que mais me aprouver em determinado momento.
A maioria desta gente não sabe um caralho mas é assim que ganha o pão e é, também, assim que lhes comem o rabo enquanto eles mordiscam o cacete.
Sempre que, por exemplo, é apresentado um Orçamento de Estado demorará uns poucos minutos a que surjam os primeiros comentários sobre o assunto.
Ora, se o tempo que medeia a apresentação do documento e comentário é insuficiente para o seu download, como o poderão comentar?
1. Inventam;
2. Pegam no resumo que lhes é preparado pela assessoria de imprensa de quem o fez e debitam o que por lá estiver escrito.
Não percebem um caralho...
Deixei de perder tempo com estes gajos (de cabeça, excluo o Medina Carreira...podemos discordar da interpretação que ele faz dos factos mas aquilo que apresenta não se baseia no ar).
(sim, estamos de Azul, hoje)
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