Menos É Mais Fácil
Desde há muito que defendo que é mais fácil controlar o excesso do que fazer crescer a míngua.
Tentativas de exemplo daquilo a que me refiro:
- é mais fácil pedir a alguém rápido que seja mais lento do que a um lento que seja mais rápido;
- é mais fácil editar aqueles que têm muitas ideias do que fazer com que outros tenham mais ideias;
- é mais fácil temperar a agressividade do que tornar um passivo mais agressivo;
- é mais fácil educar alguém para suportar a distância do que aumentar o desejo de proximidade.
Quando exponho este tipo de ideias sou constantemente respondido com o ideal é o meio termo e este tipo de afirmações faz-me lembrar o tudo pode acontecer. Significa nada tamanha a redundância.
Reparem: não é minha intenção defender o excesso mas antes dizer que o prefiro à insuficiência.
Sim, num mundo ideal - que não conheço - todos seríamos cenas na medida certa. Apenas nos irritaríamos quando necessário; apenas reagiríamos quando há motivo para isso; apenas falaríamos quando tal se justificasse; apenas interviríamos quando instados a fazê-lo.
Mas não é aqui que vivemos, pois não?
Não é raro acharem que sou convencido e egocêntrico. E não é raro porque, de facto, sou ambas as coisas mas numa medida inferior ao que aparento ser.
Ah, isso acontece porque tens prazer em que pensem isso de ti, K, pareço ouvir e devo assumir que, de vez em quando, é mesmo isso que acontece. De vez em quando e em medida bem inferior às vezes que o ouço.
As mais das vezes, estas características são-me atiradas porque não me coíbo de dizer o que entendo ser verdade mesmo à custa da percepção que poderão ter de mim.
(Humildade é o caralho!!!)
Voltando aos culpados de tudo, sempre: os Pais.
É verdade que fui educado para ser isto. Talvez parte seja genético mas a maioria deve advir do contexto e da educação.
É verdade, também, que o meu ego foi mais inflado do que deveria ter sido; é verdade que fui demasiadas vezes tratado como o génio que não sou (descobri isto mais tarde...); é verdade que fui impelido a não aturar merdas de ninguém e a defender, sem pensar meio minuto nisso, quem me pertence.
Ora,
a medida em que todas estas coisas me foram incutidas pode não ter sido a ideal mas jamais preferiria ter uma auto-estima baixa ou confiança intermitente ou passividade de coitadinho.
Os meus Pais, como os vossos, fizeram muita merda quando me tentaram educar.
Os meus Pais, como os vossos, terão tentado fazer o melhor que conseguiram mas falharam a perfeição.
Tendo isto em conta e em vista, devo dizer:
Fico muito contente por me terem criado fera e não animal doméstico.
Se ou quando tiver a oportunidade de educar alguém, tentarei fazer melhor do que fizeram comigo mas não é no quesito que descrevi que a maioria das melhorias deverá ocorrer.
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