Finais Felizes?
Existe uma luta interna e eterna, dentro da eternidade permitida a um humano, entre a racionalidade e a irracionalidade. Talvez, até, não seja entre a racionalidade e a irracionalidade. Talvez seja entre a realidade e a ficção. Ou talvez seja entre outras coisas de que não me recordo.
O Final Feliz não existe.
Ninguém sai daqui vivo.
A única coisa certa são a morte e os impostos mas não são. Só a morte. O Thoreau e o pessoal que anda de badalo à mostra no meio da Amazónia não fazem deduções à colecta...mas morrem.
Então,
temos o momento, independentemente de quanto durar porque dure o que durar, vai acabar, isso é certo. E eu não gosto de começar nada destinado ao insucesso mas tudo é votado ao insucesso.
Podia, então, usar truques linguísticos e racionalizar. Contornar a realidade com relativismos inexistentes como seja bom enquanto dure e basta acontecer para acontecer para sempre mas, obviamente, também não gosto disso.
Tu não saboreias os momentos, K, disseram-me e não houve erro. É verdade.
De vez em quando esqueço-me que o fim está sempre numa esquina que não podemos evitar e, nestes pequenos períodos, existem finais felizes.
Eu gosto de não ter de ter a televisão ligada para fazer companhia;
Eu gosto de não ter de falar para encher o tempo;
Eu gosto que me seja dito não, eu não vou para a cama sem ti;
Eu gosto que a chuva bata lá fora enquanto os cobertores fazem o trabalho deles cá dentro;
Eu gosto que, passado mais tempo do que o que se previa e o bom-senso aconselha, ainda olhem para mim com paixão.
Isto dura pouco mas enquanto dura há um final feliz.
(não é triste e prefiro sem gente a cantar)
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