Monday, February 27, 2017

Haverá muito a aprender com os animais que entendemos como irracionais.
Uma das que nos escaparam - mais a uns do que a outros - durante a evolução foi criação do Ego e do Orgulho. Bem, talvez seja mais apropriado dizer que desivoluimos neste quesito.

Quando se fala da bravura ou do orgulho de alguns animais ou raças ou estirpes estaremos, quase seguramente, a reflectir no comportamento deles os nossos próprios e uma escala de valores que não lhes assiste.

O mecanismo de combater ou fugir, por exemplo, pertence-lhe por inteiro.
Entre nós, falamos disto mas qualificamos quem foge como cobarde e quem luta como herói ou, pelo menos, corajoso mas é uma maneira pouco racional de ver as coisas.
Os animais só lutam quando não podem fazer outra coisa porque e luta é contrária à preservação e a preservação é o objectivo único.
Mais: apesar de ocorrerem lutas até à morte no mundo animal - estou a falar num contexto de combate e não de caça - estas não são lutas até à morte. São lutas em que se dá que um deles tombe.
Por norma, o que percebeu que perdeu prefere conceder e zarpar para comer ou foder ou outra coisa qualquer mais um dia.

Alguns de nós, não.
Eu, não.

Quando colocado numa situação que não me agrada; quando confrontado com adversidade; quando encostado e acossado não me permito o mecanismo de fuga.
Eu não luto apenas quando não tenho outra saída.
Eu luto em qualquer circunstância.

Isto é giro.
Isto faz-me parecer mais Alpha, ainda.
Mas não é giro.
Mas faz-me ser mais Alpha.

No desvario de ser acossado, o sangue ferve e a devastação - como toda a boa devastação! - não anda a escolher, cirurgicamente, os alvos. Vai tudo. E foda-se.

A minha perservação é secundária, quando comparada com o meu Ego.
Tudo é um bocado secundário, quando comparado com o meu orgulho.

...e o pior (assunto recorrente e nauseante) é que eu sei que muitas vezes mais vale fugir.
...e o pior é que, muito vezes, o melhor é deixar-me ser conduzido pela utilidade e não pela raiva mas a minha raiva ganhar, por goleada, à utilidade e à razoabilidade.


Right place?
Nunca.

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