Thursday, July 13, 2017

....E PARECE DE PROPÓSITO...

Ontem, fui quase fofo e hoje, mal cheguei, foi-me contado que o genro (é o Pai da mulher, nunca me sei orientar em parentescos) estará para tempo. Disseram que não deveria chegar a sexta-feira.

Pelos vistos, o genro é como um segundo Pai sendo que o primeiro deles tombou há bastante tempo. 
Está a ser muito difícil e, contou-me, quando foi a vez do primeiro Pai esteve 2 anos de pistão colado.

Reforçando que não perdi o meu Pai, tenho dificuldade em compreender isto.
Não tenho dificuldade em compreender que se goste muito de uma pessoa;
Não tenho dificuldade em compreender que a ideia de se perder uma determinada pessoa é terrível;
Não tenho dificuldade em compreender que algo possa parecer demasiado doloroso.

...tenho dificuldade em compreender que se pense que o Mundo vai terminar.

Fiquei calado o mais que consegui porque não sei consolar pessoas que sentem coisas que eu não consigo entender, pelo que o que consegui fazer foi: pá...ninguém cá fica. Vamos todos.

O pior, contudo, veio depois...

Perguntei onde estava o gajo internado e se ele ainda iria a tempo de o visitar, depois do trabalho.
Em resposta: não quero ir. Fui lá no Domingo e nem queiras saber como fiquei...não posso. Não consigo...

E o meu cérebro gritou: PANELEIRO!

Isto, para mim, já não é compreensível.
Pode ser uma coisa machista mas foi assim que fui criado: um Homem aguenta! É para isso que um gajo existe. 
Se alguém sonha que eu tenho prazer em ver gente acamada e próximo da morte, engana-se mas podem ter a certeza - e isto é factualmente comprovado! - que vou lá estar.
Se alguém sonha que eu tenho prazer em ser o primeiro a chegar ao velório e o último a sair, engana-se mas podem ter a certeza - e isto é factualmente comprovado! - que vou ser.

A responsabilidade é minha e enquanto eu existir e não estiver completamente impossibilitado de a cumprir, é isso que vou fazer: cumprir.

Há uns poucos anos, o meu Avô materno tombou.
Não me fez a mais pequena diferença e avisei que não me veriam no funeral mas, naturalmente, disse à minha mãe que iria levá-la e que esperaria o tempo que fosse preciso esperar. Se fosse preciso alguma coisa, lá estaria como um cão de guarda à porta da propriedade.
Porque assim seria, o meu irmão estava liberto disto. Nem de comparecer à porta precisava.

Deu-se que eu tive de viajar (trabalho), pelo que nem à porta poderia ir - para ser completamente honesto, fosse outra pessoa e não teria ido em viagem nenhuma mas neste caso...
- Oh T, eu não estou cá. Vais tu.
...mas eu não quero ir ao funeral.
- Não precisas de ir ao funeral. Eu também não ia. Levas a tua Mãe e esperas por ela.
Ok.

Enquanto eu por cá andar, eu arco com as despesas de ser a pedra onde o pessoal se pode apoiar mas se não andar ele está cá.
É certo que (felizmente) o meu irmão não é como eu mas é ainda mais certo que sabe que quando é preciso não se pergunta nem se tem gostos.

Ai, faz-me impressão...

Paneleiro.
Não lhe disse mas pensei e, como se vê, ainda penso.

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