Wednesday, November 29, 2017

Going Dark

O maior problema de se viver de forma realista é que a realidade não é uma coisa porreira. E tanto não é que a maioria de nós anda, incessantemente, à procura de um qualquer grupo a que possa pertencer e assim tornar mais suportável esta coisa que não vai para lado nenhum.

Há quem opte por religiões;
Há quem opte por clubes de futebol;
Há quem opte por ser vegan;
Há quem opte por nacionalismos....

A enumeração é potencialmente infindável.
É engraçada, por exemplo, a própria questão da música; há quem procure, deliberadamente, artistas obscuros para se sentir associado a um movimento curto de gente que conhece o gajo que pinta pilas em tampas de caneta e assim se sentir tão mais especial porque compreende o que escapa à maioria.

O pessoal que é mesmo realista não tem intenção de pertencer porque a intenção contraria a natureza do o que acontecer acontecerá.
É muito difícil suportar a falta de sentido. Até fisiologicamente estamos preparados para atribuir sentido ao que não o tem; o cérebro esforça-se por dissecar e explicar o que não tem explicação. Há um sem número de experiências que o revelam.

Outro exemplo é o esforço desenvolvido para perceber o que leva um gajo (o de Las Vegas, por exemplo) a disparar sobre uma multidão.
Também eu acho que tudo tem uma explicação mas estou certo que estarei errado.

A ideia de que um gajo acorda e decide bem, vou varrer uns filhos da puta que não conheço é aterradora porque um desses filhos da puta podes ser tu. E não há motivo para o seres: só és.
Torna-se, por isso, irrelevante o quanto nos tentamos preparar para tudo.
É indiferente ter uma arma para nos protegermos ou sabermos artes marciais; não faz diferença o pé-de-meia que temos para uma necessidade.
Acordaste e meia dúzia de horas depois estás morto sem que tivesses, de qualquer maneira, colaborado para isso.

O reconhecimento da impotência pode levar a que 1. sejamos amorfos ou a que 2. façamos o que temos de fazer independentemente da ordem porque a ordem não existe.

Eu tento ser o 2 mas há vezes em que me sinto o 1.
Sentir-me o 1 fode-me um bocado a cabeça.

...e eu acho sempre que devia fazer alguma coisa e essa coisa nem sempre traz consigo o que devia mas ficar quieto...

Ah:

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