Sou Espectacular (ou outra coisa)
Hoje, recebi uma chamada de alguém muito próximo do pânico sobre dosagens medicamentosas sobre a mesma cena de que padeço.
Esta pessoa toma manifestamente menos droga que eu o que, simplificando o óbvio, tem o mesmo problema que eu mas de menos agudo.
Quando se descobriu a maleita de que padeço a minha reacção, durante um par de dias, não foi boa.
Chateou-me muito deixar de ser de ferro e passar a ter uma brecha na armadura; a ideia de fraqueza dá-me cabo dos nervos e esta era uma fraqueza mas, depois, foi esta a carta que me saiu? Sa foda! e segui em frente, como continuo a seguir.
Quando as pessoas descobrem que sou diabético fazem o mesmo ar de quando descobrem que alguém está para tombar.
Não me incomoda.
Não me sinto a tombar.
Agora, a única coisa que me incomoda é ter de me lembrar de tomar medicamentos e mais nada.
O resto, é o que é e tem de ser encarado.
Faço a minha vida e tenho o mínimo de cuidados e, por acaso, estou melhor e pude reduzir as dosagens mas, se não pudesse...era o que era.
Esta pessoa estava em stress parafuso.
Eu não stresso parafuso, na esmagadora maioria dos casos, independentemente da gravidade.
Por isso, sou espectacular.
Mas pode ser outra coisa.
Curiosamente, uns minutos antes da chamada, vi que a estatística diz que morrem 20 pessoas por dia, em Portugal, com problemas relacionados com diabetes.
Reacção?
Nenhuma.
A ideia de que poderei ser uma destas 20 pessoas não me escapa, considero-o possível e não estou nada preocupado com isto. Temos de ir de alguma coisa e em alguma altura.
Eu tenho algo de destrutivo em mim e, eventualmente, esta será uma manifestação dessa ideia de que tudo nasceu para ser destruído e, por isso, eu também.
A diferença entre isto ser racional ou patológico não é óbvia mas, neste momento, acho que ainda é racional.
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