Thursday, April 05, 2018

Expressar Sentimentos

Não tenho problemas em expressar sentimento em geral. Só parece que tenho problemas em expressar os bons.
Mas acho que só parece.

Primeiro, o Desagradável disto:
As pessoas gostam de ouvir elogios e gostam de ouvir que se gosta delas. 
Eu elogio e eu digo que gosto delas mas quando o faço tem a mesma entoação de uma constatação de facto e não de um sentimento. Parece demasiado cerebral para ser emocional e talvez até seja.
Eu também gosto que me elogiem e que digam que gostam de mim...mas não conto com isso nem o exijo porque entendo quem não o faz, como eu.

Aqui, há que dizer que isto está intimamente ligado com a forma como vejo o Mundo e como me comporto.
A minha principal preocupação não é tornar o mundo um sonho mas antes evitar o desastre;
O que me interessa é melhorar e não congratular-me com o que está bem.

Por conta de ambas as coisas, é-me muito natural exprimir o que me desagrada para que o aguaceiro não se transforme em tempestade;
Em virtude deste olhar sobre o que me rodeia, sou mais sensível a transmitir o que pode ser melhorado do que o que está bem.

Ah, K, isso faz todo o sentido!!! e faz mesmo mas em certos parâmetros da nossa vida o racional é como quando o Marcelo aparece na televisão: o contrário de bem-vindo.

Isto é injusto.

Pode parecer uma desculpa para eu mascarar os meus sentimentos mas não é. Também já pensei isso mas cheguei à conclusão de que não se trata disso.
Se me perguntarem o que quer que seja eu respondo sem grandes hesitações: Gostas dela? Gosto; Gostas de mim? Gosto; Achas que fiz bem? Acho que fizeste optimamente porque és um espectáculo!.

...portanto...não é que eu mascare...é que, na minha cabeça, é desnecessário e inútil.
Mas eu sei que não é desnecessário nem inútil. Infelizmente, é um reflexo que só a muito custo controlo.

Depois, o Agradável disto:
Eu não digo.
Eu faço!

Não é possível que as pessoas de quem eu gosto não saibam disso. Não é possível.
Não é possível que as pessoas que eu gosto de ter perto não saibam disso. Não é possível.

Já tentei racionalizar isto e justificar a ausência de verbo com o abundante da acção mas, com o passar dos anos, deixei estas tentativas parvas que servem de argumentário verosímil mas não verdadeiro.

O que eu faço é muito.
O que eu digo é pouco.

O que eu faço não compensa o que eu não digo. Devia dizer mais e fazer o mesmo.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home