Wednesday, May 02, 2018

Cat Person e Cenas.

Às vezes sinto-me mal por não me sentir mal. Talvez seja mais exacto dizer que me sinto mal por não me sentir pior.

A minha gata fugiu - sim, estou perigosamente próximo de me tornar uma cat person - e isso chateia-me. Ela esperava ao meu lado para que eu acordasse e se demorasse mais do que estava previsto tratava-me de me lembrar.
Agora não faz isso porque não está lá e isso, entre algumas outra coisas, cheteia-me.

Dito isto: não ando deprimido. Não chorei (não sei fazer disso). Não estou constantemente em sobressalto a pensar será que ela volta?.
Não caguei. Continuo a dar umas voltas às redondezas para ver se ela aparece e alertei quem tinha de alertar para o desaparecimento...mas a minha vida continua.

Vejo gente em pranto quando o seu animal morre ou desaparece e eu não sou assim. E às vezes acho que devia. E às vezes acho que tenho um evidente problema.
Imagino que o meu comportamento, neste tipo de situações, seria o esperado num psico ou sociopata e acho que não sou uma coisa nem outra.

Espero e queria mesmo que ela voltasse mas vou comprar o pão na mesma e espero, ansiosamente, pelo Blacklist todas as semanas na mesma.
A vida não é de fazer intervalos e eu também não.

...mas isto é apenas a ponta de um iceberg cuja dimensão se desconhece.

Hoje - como mais do que uma vez aconteceu, acontece e, suponho, continuará a acontecer - recebi notícias de uma situação desagradável.
Da situação, em si, já me desliguei nem toda a gente que está ligada a mim fez o mesmo.

A situação (não a descreverei porque me vai irritar e eu já estou um bocado) é merdosa mas é uma daquelas que permitem que quem as suporta seja vista pelos outros como uma pessoa espectacular e única.
Não sou. Não quero ser este tipo de espectacular nem este tipo de único.
...mas, às vezes, acho que devia. E para piorar tudo, mais do que dever tenho a certeza que conseguiria porque sou um animal de resistência em situações adversas.
Só que não quero porque acho que não devo.

Eu sei que devemos dar a outra face e perdoar e tal. Também acho isso. Também acho que é melhor porque, no fundo, não levamos nada daqui.
...só que esta é uma das minha muitas limitações. Eu não faço nada por quem entendo não merecer.
Não vou deixar de ler o meu livro;
Não vou deixar de a levar a passear;
Não vou deixar de esticar as pernas nem de jiboiar em frente à televisão.

Não quero. Não vou.
E a minha consciência não me pesa por isso. De vez em quando pesa porque acho que devia pesar.

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