O Posto Anterior e a Sensibilidade
Quando estava a ouvir - outra vez - o Summer´s End dei por mim a lembrar-me da Etta James.
Esta comparação que se seguirá não será a mais óbvia mas é o que temos.
O que torna a Etta James especial - para mim, obviamente -, não é tanto a voz dela (que aprecio) e nem a afinação (que está longe de ser o seu ponto forte); o que torna a Etta mais alta que a maioria das cantoras é que a dor dela não parece um mito que outros escreveram. É dela. Repara-se no corpo e ouve-se na voz.
É real.
A Diana Krall (que muito aprecio) é incapaz de falhar uma nota; o Gregory Porter não sai da melodia nem que o tecto comece a ruir...mas nenhum deles é capaz de arrepiar como a Etta arrepia.
O John Prine tem isso também.
Achar que ele é um cantor incrível é um bocado parvo.
Mas quanto se ouve o Summer´s End tudo é um bocado irrelevante.
A perda ou o pedido não são um aglomerado de palavras montadas para rimar; a perda ou o pedido são uma perda ou um pedido. É sentido. Não é recitado.
Well I can see that you can´t win for tryin´
And new year´s eve is bound to leave you cryin´
(...)
Just come on home.
Não soa a adolescente.
É a voz de quem já viu muitas montanhas e não decidiu dizer que a mais alta foi a primeira que viu.
As coisas demoram.
Os anos deixam marcas.
É preciso andar para que os pés doam.
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