A Melhor Versão
A minha maior fantasia é ir embora.
É assim desde que me lembro.
...não se prende com uma necessidade de fuga. Pelo menos não a sinto dessa forma.
Com raríssimas excepções, não fico onde não quero e também não sou um gajo que se apegue a cenas. Bem...nem a cenas nem, na verdade, a pessoas.
Eu sei o quão estranho isto parece se não for entendido como um psico ou sociopada.
Está longe de ser verdade que pessoas em concreto não me interessem; o que se dá é que o meu maior interesse - quanto a este punhado de gente - é que estejam bem e sem problemas. Não preciso de as ver nem de lhes tocar.
Então, este ir embora é estranho porque as mais das pessoas que dirão mesmo que eu terão um contexto de que querem escapar e eu não.
O que acontece é que eu sinto-me mais contente e mais leve quando vejo o que nunca vi e quando estou onde nunca estive.
É certo que prefiro um determinado tipo de lugar ou outro mas o cerne e o mais importante é me entregue o que antes não tinha. O mais importante é que não reconheça, à primeira, esta estrada ou aquela árvore ou aquele café ou este banco de jardim.
O meu humor melhora;
A minha saúde melhora;
A minha cabeça fica mais leve;
O meu temperamento arrefece.
De memória, é-me difícil imaginar um contentamento maior do que estradas estreitas com árvores a servirem de guarda.
E ir e ir e ir.
...quando volto, o contexto faz-me regressar a um gajo de quem também gosto mas que é menos agradável de conviver.
E se pensarem que preciso de aviões e destinos exóticos para atingir o que venho descrevendo, desenganem-se.
Há uns anos Ela mostrou-me isto:
Isto fica demasiado perto da minha zona para que desconhecesse mas a verdade é que desconhecia.
Fiquei muito contente e Ela, na altura, não percebia como poderia eu ficar tão contente com algo banal. Para ser honesto, talvez não soubesse, sequer, que eu poderia ficar tão contente, ponto!
Mas fiquei.
Mas fico.
Sou como os cães.
Preciso de ser passeado para não colar o pistão.
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