Ilusão e Moral
Lamento as minhas limitações e lamento, ainda mais, os meus erros.
Obviamente, considero que, como todos, sou sujeito ao erro mas chateia-me pra caralho.
Não sou aquilo a que se chama detail oriented.
Há mais do que um motivo para isso.
Considero chato;
Acho uma panisguice;
Demora demasiado tempo;
As mais das vezes é inútil.
Resumindo, não se coaduna nem com o meu temperamento nem com o que considero ser mais relevante em geral: o Resultado.
Feito é melhor do que perfeito, sempre!
...mas isto tem as suas consequências.
Se não me conhecerem tão bem como devem, é fácil encontrar uma qualquer coisa que esteja menos bem feita do que devia e extrapolar; essa extrapolação não estará necessariamente errada mas é muito limitada.
Se se perguntar a quem quer que seja se prefere 100% de uma coisa feita a 90% ou 45% dessa mesma coisa feita a 100% não estou a ver quem preferisse a segunda (por facilidade de raciocínio e exposição não me debruçarei sobre o fenómeno dos Cisnes Negros; quer porque não podemos reger toda a nossa existência por eles quer porque estaria a exigir um conhecimento que a maioria não conhece, pelo que não o usaria como argumento).
E aqui entra a Ilusão:
uma pessoa que conviva comigo há algum tempo terá a noção quer da minha competência quer do meu intelecto.
Essa mesma pessoa avaliará se tanto uma coisa como a outra existe em mais quantidade nela ou em mim e, mediante essa análise, decidirá o tipo de reparos que me há-de ou pode fazer.
Infelizmente, nem toda a gente percebe a questão probabilística. Alguns acham que o lapso que encontrou é inaceitável porque desconhece o resultado prático do volume.
E porque assim é, não parte do princípio que a ausência de atenção ao detalhe é uma questão estratégica e não, necessariamente, de displicência ou desconhecimento.
E porque parte deste princípio, no caso concreto não é capaz de entender que não presto atenção ao detalhe porque não quero e não porque não consigo...
...e quando eu começo a ser o picuinhas que detesto ser, não é bom para ninguém...
E aqui entra a Moral:
Não preciso de gostar particularmente de alguém para evitar dificultar-lhe a vida.
Sou capaz de chamar penedo a alguém na brincadeira mas incapaz de esfregar as suas limitações na cara (admitindo que pode acontecer involuntariamente mas é sempre involuntariamente, nestes casos).
É por isso que, tanto em questões pessoais como profissionais, opto por conversas, quer escritas quer faladas, particulares e não públicas.
...mas não boa ideia fazer-me isso a mim.
A tentativa de mostrar, em público e em aberto, que se me é superior pode correr bem ou correr mal a quem o faz mas não fica de borla.
Não aprecio a Soberba mas não sou mal a vesti-la.
Se eu levar a mal, a resposta chegará.
E só para que fique claro: é óbvio que há gente mais esperta e mais competente do que eu. Óbvio!
Sei disso e assumo-o mas mesmo estes terão de provar que são isso depois de me provocar.
...e, felizmente, não fui esquecido quando o pessoal andou a distribuir neurónios.
E, depois, dá nisto: opiniões não solicitadas por desnecessárias são respondidas com o fundamento que desconheciam mas que estava lá; posições assumidas terão de ser retratadas porque eram parvas e, agora, todos sabem; e a tentativa de subir a montanha torna-se na descoberta de um vale.
Por norma, dói-me muito achar que estou a ser injusto desnecessariamente.
Se me justificarem o orgulho, contudo, a minha consciência nem sequer dá sinal de vida.
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