Thursday, January 31, 2008

Acaba por ser triste aquilo que identifica as pessoas.
Não só aquilo que as identifica aos olhos dos outros mas, especialmente, aquilo que as identifica aos seus próprios olhos.

Um dia, um gajo deixa de ser o que vira o barco e pede mais um wiskey, o gajo que rebentava uns quantos em campo, um gajo que comeu uma e outra, um gajo que gostava de jantar aqui e ali para passar a ser o tipo que desempenha aquela profissão.

Pior, deixa de se ver a si mesmo como indivíduo, porque nem tem assim tanto tempo para o ser, para incorporar o profissional de uma qualquer área.
Pode mentir e dizer que faz exactamente o que gosta e que assim se sente realizado e feliz... ok, pode não ser mentira mas, se não for, a perspectiva é bem pior!!!
Se formos, de facto, apenas o que fazemos, estaremos, à partida, anulados.

Ok, não dá pra se ser exactamente o que se quer, já fiz as pazes com este conceito há bastante tempo mas, pelo menos, deveremos tentar ser um bocado mais do que o amontoar de horas.

É por essas e por outras que dou mais importância a jantar fora do que a carros.
O carro leva-me para a forca, é um meio de chegar mais depressa ao anulador. Sim, também me leva a outros lados, mas isso é apenas 10% da sua serventia.
O jantar leva-me ao vinho e ao prato e aos amigos e esse, os que o são, não anulam, acrescentam.

Dando a volta ao que escrevi há uns tempos, deve ter sido este o pensamento subliminar que me deu mais felicidade ao comprar o cd dos Led Zepellin do que a ganhar bastante dinheiro.
Deve ser porque os Led não exigem que eu me esforce para ganhar qualquer coisa... eles dão-me.

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