Tuesday, October 20, 2009



Não sou dado ao passado. Na verdade, até certo momento, nem me achava capaz de sentir saudades.

Passei alguns maus momentos com perguntas como "tiveste saudades minhas?" e "reconheces o meu cheiro" e coisas desse tipo. Para ser absolutamente sincero, interessa-me que as pessoas de quem gosto estejam bem, interessa-me que não sofram mas a proximidade física diz-me pouco.

Disseram-me que será porque nunca me apaixonei e houve, até, quem se lembrasse de me dizer que era um reflexo do nada que me preenchia. Juntamente com essas explicações vêm a do "egoismo" e "desapego". Nada disso é verdade. Gosto muito de muitas pessoas (ok, não muitas mas seguramente algumas) mas adapto-me às ausências com muita facilidade.

A única coisa que me faz falta e a única coisa de que sinto saudades (aquela coisa de chegar a evitar imagens e sons para não deprimir) é do Rio de Janeiro. É impossível explicar, chega a ser ridículo sentir falta de uma cidade mas...é o amor...

Não perderei muito tempo explicando o inexplicável mas tem muito que ver com o sentimento de ligação, de que é ali e em mais lado nenhum, de que quem lhe chamou cidade maravilhosa não se enganou mas talvez se tenha contido nessa declaração de amor.

Gosto do samba no andar de quem passeia na rua, gosto do Pão de Açucar perdido, gosto de quem me vendeu churrasco na rua e puxou um banco para me sentar, gosto de quem se sentou na minha mesa enquanto eu, sozinho, bebia uma cerveja, gosto como não se importaram que eu fosse brilhante como um copo de leite na escuridão no Salgueiro, gostei como me receberam no aeroporto como se estivessem há décadas à minha espera e como se despediram de mim na certeza de que iria voltar.

Conheço muita e muita gente que foi ao Rio e não se apegou tanto como eu me apeguei mas a explicação é relativamente simples: fomos todos de férias e eu cheguei a casa.

1 Comments:

Blogger Danielle Soares said...

É engraçado essa coisa de se apegar a qualquer coisa,pessoa ou lugar,não se pode explicar como tu prp expuseste,mas está ali esse sentimento de melancolia,de saudade e de vontade de vivenciá-los.A situação, a forma como se é recebido ou despedido conta muito quando nos entregamos a um novo espaço,pessoa ou coisa.Talvez more aí a diferença entre se gostar tanto de um lugar e pouco ou quase nada de outro.Será?

6:08 AM  

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