AMBIGUIDADES
MULHERES NO LOCAL DE TRABALHO
Este assunto é muito delicado. Delicado como o racismo e a homofobia e afins.
Para que pareça culpado, logo à partida, devo dizer que nunca tive problemas em trabalhar com mulheres e, neste momento, até há uma que manda em mim e, verdade seja dita, dou-me bastante bem com ela e é uma óptima líder.
Quando comecei a trabalhar - depois de terminar o curso porque antes já trabalhava - o lugar que me recebeu não tinha mulheres dos quadros médios para cima. Não era um acaso. Abertamente, internamente, não se recrutavam mulheres para este tipo de posições.
Nunca perguntei porquê e não me atrevo a presumir a resposta mas posso dizer o seguinte:
Não sei se por uma questão de evolução de mentalidade ou por constrangimento de recrutamento, a dado momento começaram a ser recrutadas mulheres para cargos onde antes não existiam.
O que aconteceu a seguir foi que começou a haver malhanço no local de trabalho e, posteriormente, mau ambiente porque, às vezes, um malhanço é só um malhanço.
Não sei se quem não queria mulheres tinha este problema em mente e sei, também, que a culpa não era das mulheres porque são precisos 2 para malhar. A vedade, prática, é que foi isto que aconteceu.
É intelectualmente honesto? Não.
Quem manda tem de abdicar da consciência em prol do bom funcionamento? Não sei...
Neste momento, estou abalroado por mulheres. Eu e mais uns muito poucos somos uma clara minoria, algo que não é de estranhar se atentarmos tanto na demografia como na diferença entre números de licenciados de ambos os sexos.
Eu próprio, que mais que gostar de mulheres até gosto de trabalhar com elas - talvez por ter sido educado por mulheres - começo a achar excessivo.
Por estes dias houve um bate boca a céu aberto, algo absolutamente inadmissível, entre 2 mulheres...porque apesar de poder parecer e até ser politicamente incorrecto, gajas não gramam gajas.
Ah, isso podia ter acontecido entre homens, também! sinto estar a ser dito por revolucionárias de socas e a isto respondo: Poder até podia...só é muito menos provável.
Uma das mulheres que trabalha comigo não gosta de trabalhar com mulheres.
Esta afirmação tem, para mim, duas coisas imensamente fascinantes:
a) nunca ouvi uma mulher dizer coisa diferente;
b) todas as mulheres dizem isto umas das outras entendendo-se diferente das demais.
Poderá haver um evidente atraso histórico entre o sentimento de equipa ou pertença entre um grupo de homens e um grupo de mulheres. Para pensar no início dos inícios, os gajos tinham de colaborar na caçada e, por via disso, resolver os seu problemas rapidamente senão não haveria o que comer. Poderia esticar este argumento sociológico e histórico até dar náuseas mas não me apetece.
Eu gosto muito de mulheres. Eu gosto de trabalhar com mulheres. Eu gosto de falar com mulheres.
Agora, quantas mulheres são demasiadas mulheres?!
LIBERALIZAÇÃO DAS DROGAS
Há uns dias, à mesa de jantar, a discussão surgiu. Uma das partes era absolutamente favorável à liberalização de todas as drogas e usou muitos dos muito válidos argumentos para o efeito: impostos, melhor qualidade, menos criminalidade, a cena do fruto proibido e por aí fora.
Para ilustrar um dos argumentos, foi-me dito que havia visto um documentário sobre o Alasca - onde, ao que parece, o álcool é proibido...desconheço - em que pessoas bebiam perfumes e cenas por conta dessa proibição.
Este assunto e a minha argumentação, se não particularizar, dá para quase todas as campanhas em defesa ou detrimento de qualquer coisa.
Então, alguns dos meus problemas são estes:
É muito difícil convencerem-me que com a liberalização haveria menos drogados. O motivo é simples: ninguém me convence que o facto do álcool ser legal leva a que haja menos alcoólicos.
O estigma do drogado poderia até ser diminuido mas o seu efeito prático, não.
Quando se liberaliza, num determinado lugar e não no mundo todo, a droga o que acontece é que aquele lugar em concreto torna-se o rio onde desagua o esgoto. Há um enorme aumento de turistas, como em Amsterdam...e eu odiaria viver em Amsterdam.
Depois, os documentários revelam o que lhes interessa: não é por causa do álcool ser proibido no Alasca (?) que as pessoas bebem perfume... é porque são alcoólicas. Não é preciso ir ao Alasca...bem...não me é preciso andar mais do que, talvez, 1 km de onde estou para encontrar alguém que bebe perfume.
A finalizar, perguntei: Lembras-te daquelas lojas que vendiam sais e cenas que mandaram fechar por ser prejudicial à saúde e onde andavam os miúdos a mandar coisas que substituiriam, por exemplo, o efeito da coca? Pois bem: achas que todas as pessoas que lá iam compravam, antes, cocaína ou heroína na rua ou se o iriam fazer caso tais lojas não existissem?
A resposta foi negativa, como me parece óbvio que seria.
Então, o que levaria uma pessoa que não era chegada a drogas ou, pelo menos, consumidora a consumir aquelas coisas?!
Correndo o risco de estar errado, parace-me que o faziam porque era legal (e legal significa seguro na cabeça social) e porque era de fácil acesso.
Liberalizar tudo ou não?
Neste momento, não estou preparado para pensar que seria uma coisa boa.
OI?!
Contrariamente ao habitual, o adágio olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço não faz escola em mim. O contrário é mais verdadeiro, no meu caso.
Mais uma vez, poderia ser pretencioso e dizer que resulta de ser um iconoclasta. Era, até, bonito! Mas a verdade é que não gosto de coisas óbvias e menos ainda de lições de moral: digo coisas contrárias ao que acho delas por entender divertido ver gente a engolir em seco.
Nesta onda, é muito comum ouvir-me dizer que todas as gaja no mundo me querem sacar e as que não querem serão lésbicas ou burras. Naturalmente, não acho nada disso, algo que quem convive comigo mais de 2 horas entende com muita facilidade e quem não entende...bem, que se foda (ainda não tinha usado linguagem reles, hoje, o que me estava a incomodar).
Há pouco tempo, esqueci-me de qualquer coisa no lugar onde costumo almoçar e percebi quando cheguei ao posto. Acto contínuo, voltei ao lugar de onde tinha vindo e estavam 3 mulheres a almoçar no lugar que tinha abandonado algum tempo antes.
Desculpem interromper e incomodar mas por acaso não viram a coisa x que acho ter deixado nesta mesa?
E, neste momento, elas ficaram muito excitadas! De uma maneira que me deixou entre o perplexo e o desconfortável...afinal, eu queria saber da cena que deixara lá e não da cena delas.
Depois de terem confirmado que não tinham nada na mesa, agradeci e fiz gesto de bazar e chamaram-me outra vez: tinham encontrado?! Não, acharam melhor procurar se tinha caído ao chão ou, se calhar, entre as ranhuras do estrado... o que seria indiferente porque, se tal tivesse acontecido, nunca seria encontrado nada..
Ah, muito importante: numa escala de 0 a 10, 2 delas eram entre o 6.5 e o 7, números muito apreciáveis especialmente quando atribuídos em completa sobriedade.
Não contei isto a ninguém até hoje que falei com uma amiga muito próxima a quem posso dizer estas coisas sem me sentir parvo. E sinto-me parvo por não ser uma apreciação jucosa mas verdadeira.
Ela respondeu-me: Não me surpreende nada. Estás muito melhor agora do que há 10 anos atrás. É muito natural que elas tenham ficado todas excitadas! Algumas das minhas amigas também ficam mas não dizem nada porque ainda acham que há alguma coisa entre nós.
Que diferença faz isto? Toda.
Não que eu alguma vez tivesse tido muitos problemas em orientar-me com o sexo oposto, não tive. A diferença é que os meus pontos fortes tinham que ver com mais do que a questão física. Eu sou esperto e conheço muito bem o mundo feminino, pelo que orientava-me sempre!
Ou seja, não é que antes fosse humilde, não é uma coisa que me assista.
É mais uma mudança, ainda que eventualmente ligeira, de paradigma: ao que parece, agora, tenho mais armas do que o que tinha.
Por causa disto, vou ter de começar a evitar dizer certo tipo de piadas porque piadas deixam de ser piadas quando são um relato da realidade.
Não estou triste com isto, obviamente. Agora vou ter é de mudar o meu reportório de stand up e disso já gosto menos.
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