"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.
Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.
Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre"."
Não sairemos do preconceito que trouxemos do post anterior.
O que acabei de fazer é muito pouco característico para este blog, transcrições - especialmente nesta magnitude - são raras.
Porque o fiz (além de ser maravilhosamente escrito, apesar de lamentar, por não ser a minha terra, ter colado a tradução em brasileiro)
Este texto foi-me enviado e quando o li a primeira coisa em que pensei (e é o primeiro motivo) é que quem escreveu isto é maluco; não maluco por sentir isto ou por conseguir dizê-lo mas por querer.
Daqui, duas hipóteses se abriam:
a) era a cena politicamente correcta, hodierna, de querer ser super intenso quando a maioria não aguenta e nem sequer quer aguentar, só fica bem dizer;
b) é alguém que vive isto assim e não consegue evitar... e esse alguém seria mais parecido comigo mas com a enorme diferença de o querer, enquanto eu não quero.
Como sou cínico, parti de cabeça para a primeira hipótese; um Gustavo Santos desta vida com mais talento para escrever mas, depois, descobri que era Gabriel Garcia Marquez.
E aqui aparece o preconceito:
O facto do autor ser quem é e, por isso, credível, fez-me admirar o que estava escrito porque não foi desenhado por quem diz e não faz mas por quem diz e viveu.
Deveria quem produz ser mais importante do que o que é produzido?
Não, não devia...mas conta. Não, necessariamente, para a beleza estilística mas pela admiração que merecem aqueles que mais do que fazer algo agradável à pele e aos olhos dão-nos conteúdo e substância baseado naquilo que praticam mais do que naquilo que apregoam.
....mas, ainda assim, acho que ele é maluco por querer isto...
Bem, vou-me porque o que estou a fazer está a render (uma dor de cabeça, também) e não devia ter interrompido o ritmo mas foi mais forte que eu.
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