House and Mr. Reese
Há uns dias apanhei o primeiro episódio da série House + Cuddy.
A(s) cena(s) final correspondia ao fim do dia em que andaram a malhar à má fila e cenas e quando a porta abriu para ela ir embora, onde o Mundo os esperava, ele disse-lhe que aquilo não ia dar certo.
A porta fechou e voltaram para o sofá onde ele lhe disse tu vais achar que eu mudei e eu não mudo e vou voltar a ser a besta que faz mal e vais perceber que nada disto vai resultar (parafraseei).
Ela diz-lhe tens medo de ser feliz e passas daqui para o que ainda não sabes se vai acontecer. Achas que a felicidade não vai durar.
Pois, não dura...disse ele e penso eu.
Mandei a cena do sofá e em retorno ouvi que me tinha em muito boa conta, o que me pareceu esquisito. Identificar-me com este tipo de diálogo e sentir que me seria elogioso é esquisito...
Ora,
aparentemente (depois fui confirmar), a Cuddy não diz só isto. Diz também não quero que tu mudes. És a pessoa mais espectacular que conheci e mesmo que corra mal vais continuar a ser a pessoa mais espectacular que conheci.
Sim. fui confirmar e é dito isto, pelo que é mais fácil presumir que me tenho em elevada consideração mas o pior é que eu não ouvi - e isto, literalmente! Não facturei as palavras elogiosas - mesmo a segunda parte.
É um ouvido selectivo esquisito...
...e ontem o Mr. Reese.
No episódio que vi ontem, a Joss voltou dos mortos em forma de alucinação (look it up!) mas o Reese só percebeu isso mais tarde. Estava a alucinar com hemorragia e hipotermia (óbvio, isso não o parou!).
Não vou perder tempo com detalhes porque estou a perder a paciência para escrever, pelo que o mais relevante é isto:
O Reese imaginou que tinha havido um momento em que tinha falado dele com a Joss mas veio a descobrir que isso não tinha acontecido. Teve, então, de dizer à alucinação o que não tinha tido coragem de lhe dizer quando estava viva e, aparentemente, ela estava à espera que lhe dissesse.
Então,
poderia isto banhar-se de I LOVE YOUs por todo o lado mas se assim fosse não gostaria tanto da série e só viria para cá falar disso por escárnio.
O que ele lhe disse e ela esperava que acontecesse foram coisas dele, coisas que ele não diz. Não era particularmente relevante o quê, coisa que não deveria ser nunca particularmente relevante porque o relevo delas merece-o quem as partilha e não quem as recebe. Interessa o que dói a quem fala para se atribuir o relevo que merece e não o que doeria a quem ouve; interessa a singularidade da palavra e a virgindade da partilha e não tanto a sua tragicidade ou algo que o valha.
Não foi um I LOVE YOU...ou foi?
...depois, o menos interessante por mais corriqueiro por quem aqui perde algum tempo.
O Reese, como o House, é estragado e só não quer ser salvo porque não acredita ter salvação. Afinal, o que adianta desejar-se muito ganhar o Euro-milhões? Certo? Bem...depende... se não se desejar não se ganha porque não se joga. A pergunta mais relevante, neste quesito, é o seguinte: estaremos preparados para perder? Para acreditar que podemos ganhar e depois isso não acontecer?
E o pior de gente estragada - mais como o Reese do que como o House - é que decide, por quem eventualmente esteja disposto a salvá-los, se serão ou não capazes de o fazer e ao assim agir completam a própria profecia.
Como sou egocêntrico, não traria para cá nada com que não me identificasse ou com que não me irritasse.
O que - ESPERO - me distinga muito marcadamente desta gente é que eu ainda tenho a Disritmia mas pode ser que um dia a perca.
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