Monday, January 25, 2016

MAIS CENAS DE ADOLESCENTE?

Este fim-de-semana tive uma coisa parecida com festa de aniversário e lá fui eu.
Antes de me debruçar sobre a cronologia da coisa, a cena adolescente:
Quando saí dos teens comecei a dar conta daquilo que deles se diz, e com razão, quanto à rebeldia e ao sentimento de desintegração que é compensado com necessidade de ser aceite. Este sentimento que leva, por exemplo, às piadas sobre homossexuais e, à vezes, a um racismo que não o é mas aparenta ser. Será, talvez, por esta insegurança de um mundo que julgamos não nos compreender que aceitamos (eu não o fiz, felizmente, mas entendo) pastores que caçam as ovelhas tresmalhadas que nada têm de raro quando ainda estamos a formar-nos.

Nesta festa aconteceu o que era previsível: as minhas forças para me integrar esgotaram com alguma rapidez e fui sentar-me, durante alguns períodos, para outro lado ou para a varanda com uma cerveja e um cigarro. Pode dar-se o caso de a humanidade ser desinteressante mas quanto a maioria o é o problema passa a ser meu e não dela.
Felizmente, o dono da festa sabia o que se passava e deixou-me em paz e os restantes integrantes apesar de me conhecerem pior fizeram o mesmo porque, tendencialmente, é preferível deixar-me quieto.

18.00 - 20.00
Ainda com pouca gente, a coisa foi andando tranquila. Piada aqui e piada ali. 
Trouxeram-me um vitelo para abate e tudo e eu ainda estava na minha fase sociável ou o mais próximo que disso me aproximo.

Aqui surge um gajo que conheço há uns tempos mas cuja psicose aumentou com os anos. Era - e ainda deve ser - um gajo porreiro mas parece-me que padece de uma patologia psíquica, no termo médico da coisa.

Começou a falar do Putin e do seu entendimento da coisa. 
Podia ter-lhe corrido bem, não se desse o caso de ser um assunto que me interessa e, como me interessa, perco tempo com isso.
O que me irritou, além da pouca preparação para o assunto, não foi tanto o que ele achava do Putin mas antes a incapacidade de entender coisas simples. Por exemplo: é justo querer discutir se o Putin é bom ou mau para a Rússia; se a Rússia está melhor ou pior com o Putin. Não é tolerável discutir se aquilo é ou não uma democracia no sentido ocidental da coisa.
Entendem? Apreciações subjectivas podem ser feitas e defendidas, ainda que não se concorde com elas; Apreciações subjectivas sobre dados objectivos, não.

Depois, o mesmo gajo disse que o incomodava que um gay lhe dissesse que ele não fazia o seu tipo (este gajo não é gay).
Ora, porque a gente em geral acha que me conhece mas está enganada, fez-se um silêncio de morte aguardando-se que eu sacasse do bastão e começasse a bater na sua pouco definida sexualidade.
Nada disso. Disse que percebia o que ele queria dizer, achava mais ou menos normal. A mim não me incomoda que um gay não tenha interesse em mim mas também não me incomoda que uma mulher não tenha. Caso não sejamos homofóbicos ou ainda dentro do armário, desde que não se ultrapassem limites não deve haver problema em que nos queiram. Aliás, se se sente necessidade que nos queiram, em termos apenas emocionais não interessa de que sexo vem o desejo.

Não.
Estavam à espera que lhe chamasse paneleiro porque não conseguem distinguir o humor fácil quanto à sexualidade alheia (que pratico) e o que realmente acho sobre as diferentes orientações quanto a discussão é real.

Juntando isto com a costumeira discussão sobre castas e taninos e fui pró canto.

20.00 - 22.00

Fui para um canto.
Horas antes, abri a porta a um casal que estava a chegar e quando chegaram a mulher entrou primeiro. Apresentei-me olá, sou o K e ela respondeu eu sei! Não me reconheces?! Olhei para a porta para ver quem era o marido dela e quando o vi reconheci-a porque sabia com quem ele tinha casado mas ela, ela mesmo, não me disse nada.

Depois, lembrei-me de tudo.
Sei quem ela é. Sei de onde a conheço. Sei a que propósito a conheço. Sei como a conheço.
Aquele relacionamento e, mais em concreto, a minha exposição a ele sempre me fez confusão. Gosto do gajo com quem ela casou e tenho pena que o tenha feito. Bem, também não é assim tão meu amigo...
Pensei bem, ela agora é mãe. Pode ser que tenha mudado...

Voltando ao meu canto:
A criança deles veio para perto de mim (espantoso como no meio destas festas prefiro a criançada porque acho mais interessantes e divertidas, apesar de, por vezes, ter vontade de as mandar dar uma volta) e ela depois de fingir que estava a falar com outra gaja veio para lá, também.
Sentou-me mais perto do que devia, ficou lá mais tempo do que devia, encostou-se mais do que devia, fez mais contacto visual do que devia...enfim. Reparem: nem sequer vou dizer que fiquei a achar que me queria sacar (embora não seja capaz de jurar o contrário) mas achei desnecessário...

A mulher do dono da festa que me conhece mais ou menos mas acho que a conhece melhor a ela passou lá ciclicamente para dizer coisa nenhuma. Aparentemente, só para ir controlando;
O marido - com quem me dou bem - olhava de vez em quando para ver como a coisa andava. Não me disse nada e apostava que não lhe disse nada a ela.
O dono da festa, quando saímos (já noutro enquadramento cronológico) disse-me:
Pá...aquilo foi esquisito... 
- Também achei mas que querias que fizesse? Que me fosse embora do nada?! Não fui eu que me fui sentar ao lado dela. Ainda parecia que havia alguma coisa a esconder e não há.
Pois. Bem...sabendo o que sabemos e o que me contaste...enfim. Não foi de estranhar.
- Não. Não é de estranhar mas é desconfortável. Ainda me perguntou como era para o próximo fim-de-semana. Disse-lhe que já tinha falado com o A (marido dela) e eles que se orientassem.
Pá. É esquisito.
- Eu sei. Também não gostei. Ainda por cima está um bocado estragada...

04.00 - 05.00 (menos certas as horas)

Na volta da coisa (não correu bem, não foi fixe):
Então, K. E como andam as cenas com a X?
(não me apetece relatar o teor mais exacto e desenvolvido da conversa)
Lembrou-se, então, este gajo de me dizer: Sabes quando fui com a F e contigo e a L para o G? Vocês estavam a desmoronar na altura. Pá. Foi triste. A F achou a mesma coisa. Vocês davam muito bem um com o outro...nós ainda achámos que era uma fase e que iam ultrapassar isso...

Lembram-se há uns posts atrás da cena do House? Do que não ouvi?
Pois bem: não me lembrava que o que o gajo contava tinha acontecido. Tinha varrido da memória mas quando ele me falou chegou-me. E ele tinha razão. Aquilo não tinha corrido bem. Aquilo foi numa altura em que estava à vista que não era como deveria ser e como tinha sido. Aquilo foi o velório.

E isto tem graça...
Mesmo lembrando-se daquilo, continua a achar que deveria ter dado certo e que é incompreensível o que terá corrido mal.
Ela tem mais ou menos a mesma impressão que ele.
As pessoas lembram-se do que querem mas este lembrava-se de, mais ou menos tudo, e ainda assim condicionou o resultado.
Eu sei por que motivo não resultou. Eu também acho triste não ter dado mas tenho poucas ilusões quanto ao poderia ter sido diferente.

Ia contar o resto mas, por agora, não me apetece e já tinhas umas linhas feitas sobre o assunto.
Apaguei-as.

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