Monday, February 15, 2016

2 COISAS

I

Porque se dão palavras com muita facilidade nos dias que correm elas vão perdendo o seu significado e ganhando o peso de uma saudação. Esquece-se o que elas verdadeiramente querem dizer porque não aplicadas apenas ao que deveriam ser.

Há muitas expressões que poderia usar para o efeito mas escolherei o Meu Amor
Chama-se Meu Amor a muitas pessoas, algo que me parece similar ao Minha querida que uso com frequência para mulheres, um termo que já nem carinhoso é e muito menos significa que me são queridas, de facto.
Por conta desta vulgaridade, foi-me esquisito dar importância a chamarem-me de Meu Amor e não conseguia explicar muito bem o porquê de gostar e valorizar quando mo dizem.

Então,
este fim-de-semana estava a ver um filme que em determinada cena a mulher dizia o nome do gajo a quem se dirigia aquilo que lia e que tinha escrito e depois de dizer o nome completou com Meu Amor.
Não o tratou por Meu Amor, disse o nome dele, e depois acrescentou o que ele era. Não o estava a tratar, estava a dizer-lhe o que ele era.

Pensei: foda-se, é por isto...
Tive de ouvir a coisa fora de contexto para perceber o contexto em que me parece estou inserido.

Fico contente quando descubro explicações mesmo considerando que é possível estar enganado.

II

Tenho dificuldades em dormir acompanhado. Não digo que não consiga porque já consegui mas é manifestamente estranho, para mim.
O motivo pode ser estar pouco habituado a ter companhia, o que é verdade; o motivo pode ser não gostar de partilhar espaço quando só quero dormir, o que pode ser verdade; o motivo pode ser sentir-me muito exposto quando os meus sentidos estão desligados, o que é verdade.

Para que se perceba:
é-me tão pouco comum - e quando digo dormir é isso mesmo que quero dizer e não passar pelas brasas 15 minutos em 3 horas - que consigo lembrar-me a última vez em que tinha dormido mesmo com alguém abraçado a mim ou abraçado a alguém.
é-me tão pouco comum que a última vez que tentei dormir com alguém ia na segunda noite e deram-me uma cena para dormir porque na primeira não tinha dado e estava praí há 40 horas sem conseguir descansar mesmo; e mesmo com a cena para dormir só me foi possível dormir um par de horas de forma ininterrupta.

Eu sei que isto não diz muito, em termos do que as pessoas pensam ser importante ou marcante mas não somos todos iguais.
É mais habitual precisar-se de gestos teatrais. Presentes caros (que revelarão os valores que damos a outra pessoa) ou sacrifícios poucos habituais (que revelarão que estamos dispostos a colocar o nosso bem-estar em plano secundário).
Em ambos os casos, são actos de outros que nos revelam o que por lá anda.

Eu consegui dormi.

II/2

Seria óptimo pensar que tudo está resolvido e que tudo se ajeitará porque o substrato do que interessa está lá, seria óptimo e, até, racional, coisa que adoro.
O que acontece e o que nos mostram as horas e os dias e os anos que se vão passando e os cenários que nos vão sendo expostos é que a racionalidade não ganha sempre.

Somos mais tragédia do que romance, apesar de querermos pensar coisa diferente.
É por isso, talvez, que o Notebook tem mais sucesso e aceitação do que o Legends of the Fall mas isso, por si, infelizmente não transforma o que acontece no que se quer que aconteça.

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