Monday, February 22, 2016

Há Sempre um Vendedor?

É uma questão engraçada.

Eu sinto-me vencedor quando tenho razão mas, às vezes, é algo como um dos gajos de hiroshima ter avisado os conterrâneos: olhem lá, amanhã vão foder-nos com uma ogiva e depois de levar com ela - ponderando a existência de fantasmas -, ele diz tão a ver?! Burros da merda!

Mas, bem vistas as coisas, ele sabia que a ogiva ia cair, tinha razão mas não se foi embora.
Ganhou?
Gosto de pensar que sim ainda que a utilidade seja diminuta, a haver utilidade nesta vitória.

Outra coisa que poderia ter parecida com o gajo de Hiroshima, partindo do princípio que ele também ultrapassaria a idiotice de se contentar em ter razão, seria que perceberia que nada de bom viria da vitória além do afagar de ego (é parecido com a anterior mas não é bem igual).

Vamos, por um momento, pensar que o gajo de Hiroshima, por acaso, tinha sido forçado a sair lá da terra mas não queria; afinal, ele previu que a bomba ia cair mas a bomba só cai quando cai e ele, como todos os seres, pondera a dúvida.
Então, enquanto comprava porcas na cidade ao lado, a bomba cai e ele já lá não estava.
Cool! Com razão e vivo!

A chatice é que com a bomba tombaram todas as pessoas que ele conhecia e de quem gostava. Ao menos ele estava vivo e isso já não é mau de todo!
A vitória e a sobrevivência, de súbito, não pareceram assim tão fixes.

Percebem o que quero dizer?
Nem sempre há um vencedor mesmo quando há quem perca mais.

O gajo de Hiroshima há-de ficar contente mas não se sabe quando, não é?

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