O Sol Nascerá II (É pouco comum esta continuidade mas como nada que me apeteça aconteceu no entretanto)
Apesar de parecer uma ideia demasiado etérea ela não é difícil de entender: tudo existe com base no seu oposto.
Não existira felicidade sem infelicidade nem dor sem prazer.
Se tudo fosse felicidade não existiria felicidade e se tudo fosse dor não existiria prazer, não haveria, sequer, a necessidade de conceitos.
É a existência dos paradoxos que nos impedem de ser completamente lineares e é a sua existência, também, que fomentam os conflitos internos por que todos passamos mas que nem sempre revelamos; uns por falta de necessidade de mostrar (como eu) e outros por vergonha de os ter.
De vez em quando dão-se casos que demonstram numa mesma frase o conflito, ou seja, uma única frase e o seu contexto demonstram os dois lados de uma mesma moeda; uma única frase explica o porquê e o por que não.
Então,
no seguimento do encontro descrito no post que precede, era mais ou menos óbvio que a coisa não morreria ali. Não quero com isto dizer que haveria desenvolvimentos significativos - não houve - mas...assim não ficaria.
O nervosismo que descrevi revelava uma coisa que, para mim, era óbvia: quem se envolve de uma determinada maneira num determinado momento não consegue passar a falar do tempo nunca e foi isso que aconteceu; a superficialidade não se recupera depois de se mergulhar suficientemente profundo.
A Frase (recebida por E-mail no dia seguinte - que foi ontem - é uma no meio de muitas mas não é descontextualizada)
Sabes que estás no meu coração. Nunca me dediquei tanto e me dedicaram tanto amor...e isso marca..
Isto não foi provocado por mim. O verbo em questão foi usado mais vezes e foram ditas mais coisas mas, para o caso, interessam menos.
O que interessa é isto: esta frase condensa o que mais quero e o que mais temo.
Por um lado, como é evidente, não me esqueceu apesar de terem passado mais de 10 anos e, além de não me ter esquecido, ainda sou o tecto do Mundo. Não me serve outra coisa e não quero outra coisa.
Por ter tido (ou ainda ter, em abstracto, não sei) isto não sou nem nunca fui amargo pelo caminho que a minha vida levou e leva. Com o acumular da experiência fui constatando o que sempre me pareceu e que é ser mais raro ter-se isto do que ter-se o que eu não tenho....e eu tive ou tenho mais do que uma vez.
Só assim faz sentido; só assim quero; só assim aceito.
Como me poderia contentar com menos do que tudo? Como poderia andar a molhar os pés quando posso estar completamente imerso? Sim, dá mais trabalho mas eu não sou avesso ao esforço.
Quem é ou foi amado assim não pode nem deve ser amargo. Eu não sou.
Por outro lado, o que a frase revela é que com quem quer que se tenha casado só se casou pela metade e esse quem quer que seja posso ser eu e podem ser vocês e isso não é, para mim, aceitável. Faço e fiz o que posso e o que pude para nunca ter essa dúvida porque não consigo viver com ela mas, em modo 100% honesto, é um bocado como garantir que nunca se foi corno: quem o pode fazer?
O problema é que o gajo em questão é um entre uma imensa multidão. É um entre o que acredito ser a maioria. Para quase todo o lado onde olho (de cabeça, identifico 3 eventuais excepções) o que se passa é o mesmo que se passa com ele; não é esquisito, é vulgar, apesar de se querer pensar de outra forma.
E o que piora tudo é que ela (e muitas outras) não é uma pêga ou uma aproveitadora ou uma pessoa de índole duvidosa, ela não é nada disso. Ela é boa pessoa, muito boa pessoa. Ela é comum nesta actuação, ela aceitou o menos porque foi o que deu para fazer.
Não pensem que vou criticar, não vou mesmo! Para felicidade dela e de muitas outras pessoas ser um bocado menos feliz - sim, assumirei que são felizes por uma questão argumentativa e por aceitar que não são todos como eu - é aceitável
Para mim não é aceitável.
Soma zero: tudo ou nada.
....e as forças que não se explicam:
Pode parecer um péssimo momento para ter sido exposto a isto uma outra vez mas não foi. No meio da tempestade é bom haver um período de acalmia que não nos deixe esquecer que também a tempestade passará.
É bom ser lembrado ou relembrado que há motivos para se ser como se é e para se querer o que se quer.
É bom esfregarem-nos na cara que não sonhámos com coisas, é bom esfregarem-nos na cara que elas existem.
...e também isto é bom porque me deixa um bocado mais contente comigo: era muito fácil eu alimentar este sonho de tempos passados e criar problemas onde eles não existem quando estou ausente; era fácil alimentar ainda mais o meu ego à custa da ideia romântica dela que as coisas ainda se podem arrumar.
Não fiz nada disso.
Eu gosto dela. Eu gosto de todas as mulheres que partilharam mais de um mês comigo mas não como deveria gostar para pensar em reavivar. Há coisas que não têm volta.
Eu e ela não vamos voltar a acontecer, então calei-me e não disse mais nada depois de ter percebido para onde isto ia.
É por causa dela e de mais uma ou duas ou três que não posso ser uma pessoa amarga.
Alguém de quem gostam ou gostaram como gostam ou gostaram de mim não tem o direito de se sentir injustiçado.
Só para terminar, porque não quero que pareça o que não é:
Eu não sou feliz porque perdi as pessoas que tanto gostaram de mim, preferia não as ter perdido.
O que não preferiria era não ter tido tudo isto à custa de menos.
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