Friday, March 18, 2016

Eu e o NatGeoWild

Não ando um bocado colado no NatGeoWild, ando muito colado no NatGeoWild.

A primeira explicação para a coisa é que por ser menino de cidade tudo que envolve mato e bichos e que tais chamam-me muito a atenção; acho espantoso, por exemplo, gente que cultiva batatas...não consigo dizer exactamente porquê mas acho admirável.
Por ser o que sou e quem sou é difícil acreditarem na admiração que nutro pelas pessoas que conseguem fazer alguma coisa que exista. Uma cadeira, uma batata, uma lâmpada, uma camisola. 
O meu trabalho é meramente intelectual e a minha aptidão também e se é certo que não sou um pamonha que não se sabe defender também é verdade que se me puserem a fazer algo de verdadeiramente útil (mudar uma lâmpada?) terão uma desagradável surpresa.

Sim, é fixe o pensamento complexo mas serve para quê?
É justo pensar-se que acho isso porque o consigo desenvolver e não descarto a hipótese mas, mais uma vez, se a luz falhar o que interessa a minha capacidade de relacionar o comunismo com os teorias milenaristas?
ZERO.

Bem, divago...

O que os programas sobre animais e natureza me agradam é que as coisas são simples mas não simplistas. Têm uma lógica óbvia. Tudo é utilidade.

Acho admirável que quando animais se confrontam (não em caça mas em confronto puro) raramente haver uma morte.
Por norma, o que acontece é que um percebe que perdeu e não vale a pena continuar para quinar. 
Orgulho, não há.
Eu não sou capaz de ser assim...

Como o que interessa é a sobrevivência da linhagem - e é ainda mais espectacular que os animais não saibam isso apesar de o fazer -, o leão que tira o lugar ao outro vai matar as crias que por lá andarem, caso andem por lá.
Com isto faz duas coisas:
1. mata a linhagem anterior;
2. faz com que as leoas entrem no cio e começa a criar a dele.
Eu sei que parece bárbaro mas...se o que interessa é a linhagem e a evolução da espécie (o animal que derrota outro terá genes superiores, o que, no caso, também alegra as leoas) há que descartar o refugo.

Ainda nos leões - sim, é o que dá mais - tem graça que eles participem menos na caça quer porque têm outras coisas para fazer quer porque seriam um empecilho.
Têm de defender o território de outros leões - o que têm para fazer;
A juba impede a camuflagem necessária para emboscadas - onde empecilhariam.

Gosto de coisas úteis.
Um dos meus primeiros pensamentos em tudo que faço é o que ganhas com isso? e, normalmente, se achar que não ganho nada, não faço. Só que como sou mais evoluído (ou menos, depende sempre da perspectiva) que a vida selvagem, tendo a não conseguir cumprir à risca este critério.

(lembro-me que a primeira vez que vi um bando de pelicanos a pescar achei que era a coisa mais maravilhosa do Mundo. E ainda acho um bocado...)

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