Feições
Perfeição, além de virtualmente impossível, é chata...
Não queria não ter rugas; não queria não ter olheiras; não queria não ter dentes imperfeitos.
Esquecendo o facto de gente que anda agarrado aos bisturis e cenas que tais tem problemas bem mais graves para resolver do que o tamanho das mamas ou do nariz...a perfeição é chata.
É verdade que é esquisito valorizarmos a beleza - e eu valorizo - para depois não gostar dela em excesso mas a questão é um bocado essa: perfeição não é beleza.
Pensem na separação entre os dentes da frente da Brigite Bardot;
Pensem no rabo da JLo;
Pensem nas cicatrizes do Daniel Craig (só para não me chamarem sexista!).
E agora pensem nas coisas de que se lembram primeiro.
Pensem na mossa que o vosso carro tem e que faz com que vocês o reconheçam como vosso;
Pensem na lasca que têm no dente e que faz com que se lembrem daquele jantar óptimo que teve o seu preço;
Pensem no temporal que apanharam quando estavam bem acompanhados;
Pensem na marca que ele/ela tem na parte de dentro da coxa que só vocês conhecem.
E agora saiam do corpo.
Pensem naquela característica pouco atraente que aquela pessoa, que é ou foi vossa, tem;
Pensem no dia em que ficaram à toa no meio de uma cidade no meio de nada porque se enganaram no percurso dos transportes públicos.
Perfeição é uma chatice e ninguém se lembra dela.
Mesmo os momentos que possam ser considerados perfeitos raramente o foram no clássico conceito do termo. Foram perfeitos porque alguma coisa aconteceu e o acaso é inimigo da perfeição.
O Amor, por exemplo, será mais revelado quando se consegue gostar em alguém de uma característica qualquer que, em circunstâncias normais, seria quase (ou completamente) repugnante.
Perfeição, além de virtualmente impossível, é chata...
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