Monday, March 21, 2016

GORDAS, OBAMA E CENAS MOTIVACIONAIS

GORDAS

Ontem vi uma reportagem sobre o alargamento do conceito de beleza.
O que quer isto dizer? Agora aparecem gordas na capa das revistas (de moda), surgem mulheres importantes pelo seu interior em lugares menos comuns (calendário Pirelli, por exemplo) e outras em listas de gajas mais boas do Mundo (a Askmen fez isto e já me revoltei a respeito).

Isto é, apenas, hipocrisia.
Se pensam que tenho alguma coisa contra gordas, enganam-se. Primeiro porque também sou e já fui muito mais e Segundo porque não acho que devamos punir-nos ou, sequer, sofrer por não sermos aquilo que os outros são ou esperam de nós.
Dito isto:
é estúpido entender-se alguém obeso como um ideário de beleza de qualquer tipo e, mais do que estúpido, não vai acontecer nunca a menos que estejamos a falar de parafilias de qualquer tipo.

Para não ofender ou para ofender menos, vamos usar-me a mim:
Não era um segredo, para mim, o motivo que levava a que alguns dos meus amigos sacassem mais gajas que eu. Eram mais magros e, em alguns casos, muito mais bem apessoados.
Porque assim era, as minhas armas eram outras mas nunca as clássicas dos gordos (bom-humor, diversão, simpatia...). Usava o que tinha e como tinha de usar mas sabia, sem margem para dúvidas, que não seria a primeira escolha quando batiam os olhos em mim.
Ainda assim, nunca quis ser mais magro. Sim, sacaria mais gajas; Sim, compraria roupa com mais facilidade; Sim, as viagens de avião seriam mais confortáveis; Sim, seria menos olhado de soslaio.
Tudo quanto descrevi facilitaria a minha vida mas é-me irrelevante, no centro da coisa. EU não sou o que peso nem o que pareço e o mesmo se aplica a qualquer pessoa mas, agora, imaginar que quando se tira a roupa é indiferente parecer o Demis Roussos ou o Brad Pitt é estúpido.

Case And Point
Apareceu uma modelo plus size.
Ela pesa 108 Kg (decorei) e mede 1.65 (acho) e, durante a entrevista, disse que tinha dificuldades em arranjar trabalhos (óbvio), que se sentia bem na sua pele (perfeitamente possível) e que tinha uma alimentação saudável e praticava desporto regularmente (oi?!).
Novamente: experiência pessoal.
Uma pessoa só pode pesar 108 Kgs para 1.65 (especialmente mulher, por questões meramente anatómicas) se não se alimentar decentemente e não praticar exercício físico (a menos que seja uma questão de saúde que ela pode sofrer mas que não revelou).

Então,
a maior modelo plus size portuguesa adora-se (como devia) mas precisa de justificar o porquê de ser gorda e que é saudável (o que não bate certo).

Eu detesto mulheres escanzeladas, nunca entrei no comboio Kate Moss e estou muito contente que se tenha regressado a mulheres com corpo saudável e curvilíneo mas pensar que o ideal de beleza será qualquer coisa é uma hipocrisia tremenda que fará com que quem ouve e pensa ser verdade passe uma vida frustrada.

Eu não sou diferente desde que perdi uns quanto kgs mas quem me vê acha que sou porque para aos outros - especialmente os menos próximos - interessa o que se vê e não estão errados, não temos tempo para andar a conhecer as pessoas em profundidade.
Eu não sou diferente desde que perdi uns quantos kgs mas a minha vida é mais fácil porque life is a brauty peagent (como ensinou o House).

A vida não é justa.
Andaria facilmente com uma gorda, se gostasse dela, mas andaria com uma gaja boa ainda que não gostasse tanto dela.
É fodido, dói a todos.

OBAMA

Sem sair to tema hipocrisia...
Ontem vi o culminar de meses de antecipação da reconciliação entre EUA e Cuba, A coisa há-de ter começado há mais tempo, nos bastidores, mas tornou-se visível quando há meses o Obama cumprimentou, publicamente, o Castro no poder.
Ah, é um serviço para a humanidade e cenas e pode muito bem ser mas o que é, de facto e já, é o Obama a tentar deixar um marco indelével da sua presidência.

Obama e todos os que chegam a uma posição de inegável poder padecem de um ego gigantesco e, por isso, querem que os outros e, quando em posição para tal, a história os recorde e o melhor para isso não é uma conjunto de actos que tornem o Mundo melhor mas um que ainda que o não faça...pareça!

Os meus conhecimentos e paciência não permitem que dê muitos exemplos mas fiquemos onde estamos:
O Bush que precedeu o Obama tentou o mesmo ao ir concluir o que o pai tinha começado mas não acabado: depor Sadam e levar a Democracia ao Iraque.
É certo que os actos são diferentes mas o fundamento é o mesmo: ficar para a história.

Naturalmente, prefiro a reconciliação com Cuba do que a Guerra com o Iraque mas a hipocrisia anda de mãos dadas com ambas.
Por muito que o queiram vender e, inclusivamente, por muito que acreditem assim ser, o que está em cima da mesa não é a felicidade de outros nem o bem da humanidade mas o marco de um só gajo na história e nos livros que sobre ela serão escritos.

Aquiles, na altura, foi confrontado pela mãe que lhe disse Chavalo, se tu fores para a Guerra de Tróia vais ser recordado para sempre mas não voltarás; se não fores para a Guerra de Tróia a história não se lembrará de ti mas terás uma família e viverás longos anos.

O Aquiles foi.
O Aquiles foi não por querer ganhar a Guerra (que também queria) mas para não ser mais esquecido.
Funcionou mas valeu a pena?
Infelizmente, não nos vai responder.

(as Cenas Motivacionais para depois, a minha quota de paciência esgotou, por agora)

0 Comments:

Post a Comment

<< Home