O Boi e a Boiada
Há anos atrás, uma cliente disse-me: eu dou um boi para não entrar numa briga mas depois dou uma boiada para não sair.
Na altura em que isto me foi dito, daria dois boiadas: uma para entrar e uma para não sair.
Na minha cabeça, eu tinha o comportamento que ela descreveu mas a realidade, vim a descobrir depois, era diferente.
É verdade que nunca fui de provocar abertamente mas era-me fácil picar um bocadinho para me reponderem e, depois, tinha o que queria: Guerra! O meu instinto é belicoso desde sempre e isso não mudou muito mas, neste momento, poderei utilizar a expressão que ela usou com alguma propriedade ainda que dar um boi talvez ainda seja excessivo...sou capaz de dar meio, talvez.
A minha consciência fica apaziguada mas o facto de ainda dar uma boiada para não sair nem sempre traz coisas boas...
Durante a II GGM, o Roosevelt disse que só aceitaria a rendição incondicional, algo que fez com a Guerra durasse muito mais tempo porque ao não dar hipótese de negociação não deu hipótese a que houvesse vantagem em capitular mais cedo do que mais tarde.
Foi um erro que o próprio reconheceu e uma boiada que saiu cara.
O meu exemplo é, obviamente, muito menos relevante e muitíssimo menos gravoso para o que quer que seja mas o âmago não é particularmente diferente e é revelado em coisas pequenas que à primeira vista revelam coisa nenhuma.
Já por aqui disse que não tenho interesse em ter um corpo definido nem em conseguir correr 3 horas seguidas; o que me interessa é massa, poder e conseguir fazer 100 metros (se tanto) muito depressa.
Definição muscular e resistência cardiovascular podem trazer uma vitória a longo curso e, até, mais vitórias porque se dura mais do que a oposição mas isso não me diz nada. Quero KO e quero KO depressa! Não estou interessado em ganhar por pontos, estou interessado em deixar gente estendida.
Esta mentalidade não se resume a questões físicas, quero este tipo de vitórias sempre e em todas as circunstâncias. Acaba-se o que se começa e só se pára com a destruição do adversário.
O problema é que isto não se aplica apenas a inimigos ou a quem não se gosta. Aplica-se a tudo e a todos.
É-me difícil deixar que alguém salve a face. É-me difícil deixar como está mesmo com o objectivo cumprido.
Vitória total. Reconhecimento total.
...e isto não é bom...isto acarreta a possibilidade de um sentimento de humilhação que deixa marcas. E a verdade é que não é a humilhação que eu procuro, nem me lembro dela, as mais das vezes. Só vejo meta, nada mais. É raro conseguir, quando em actividade, ver efeitos que me são fáceis identificar, agora.
Um gajo tenta sempre ser uma obra em construção e apta a melhorias mas nem sempre isso é possível.
Adoraria ser tão esperto como pareço.
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