Thursday, May 05, 2016

Os Prémios

Há uns dias li uma reportagem sobre um estudo dos efeitos dos incentivos nos trabalhadores (estamos a falar de dinheiro).
O resultado foi aquele que intuía: trabalho desenvolvido só com foco em objectivos - mormente de muito curto prazo - beneficia agora mas prejudica depois. Ou seja: neste momento, resulta, mas com o passar do tempo o resultado é pior do que um desenvolvimento estruturado.

Intuía isto porque trabalho mais ou menos assim.
Normalmente penso a 3 meses ou 4 (sim, isto é considerado longo prazo) e tende a resultar, havendo tempo, porque não funciona em picos mas em continuidade e estabilidade, previsivelmente crescente.

Se isto é óbvio, a moda é esta porquê?
Normalmente culpa-se o capitalismo desenfreado e, em pano de fundo e muito macro talvez seja (o homem e o ambiente em que está inserido e cenas) mas o mais próximo culpado e mais próxima razão é esta: o pessoal não faz um caralho! E porque o pessoal não faz, por si, um caralho, carrega-se em objectivos e pressões e sei lá mais o quê.
Em suma: faz-se porque resulta.

Isto é uma característica que não gostava que fosse humana mas, na volta, é mesmo.

Em coisas que não envolvem dinheiro não varia assim muito...
A maioria de nós (e nesta maioria não me incluo) só faz o que quer que seja quando é mais ou menos forçado a fazer, no resto do tempo: olhar para nuvens.
A passividade chateia-me. As vistas curtas chateiam-me.

(Ah, e só porque me excluo da maioria em geral não me excluo em particular. Por norma não preciso de ser empurrado para fazer nada mas esta não é uma verdade absoluta. Há raros casos - sempre os mesmos, claro - em que tenho de ser pressionado porque não gosto nada de fazer o que não quero.)

A casa arrombada, trancas à porta! ouve-se com um sorrisinho.
Coitado, não estava a contar...foi de repente...

Só para que conste: não é raro foder-me com esta brincadeira, ou seja, com esta minha maneira de ser.
Normalmente deixo andar porque não gosto de pressionar e, depois, quando me canso de deixar andar é tudo de repente. 
Não, não é de repente.
O que acontece é que não falo muito porque não gosto que falem comigo a menos que pergunte. E isto dura e dura e dura e dura até quando deixa de durar. Não é de repente mas pode, em tese, ser sem aviso prévio.

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