Monday, July 24, 2017

Deveria Drogar-me?

Há um episódio do House em que um génio toma, diariamente, uma mistura de um determinado xarope com um shot de vodka para se tornar mais burro.
A maioria de nós não entenderá o que leva alguém a querer ser mais burro mas a maioria de nós não é assim tão inteligente para sentir essa necessidade.

Para os poucos de nós que andam lá por cima o quotidiano é muito chato.
É muito irritante ter de explicar o que é óbvio; é muito irritante ter de ouvir falar de assuntos completamente desinteressantes; é muito irritante ter de ser constantemente lembrado que o que serve para a comunidade não serve para si.

Então, a personagem em questão preferiu ter as sinapses diminuídas em prol de se sentir mais integrado.
Decidiu - inteligentemente - que é capaz de ser melhor ter companhia do que andar sozinho e o preço para isso foi estupidificar-se.

Fez bem mas, provavelmente, só o conseguiu fazer porque não sentia a sua superioridade intelectual como a melhor e maior parte da sua identidade. Provavelmente, achou que a genialidade era uma parte daquilo que é e não o que é.

Eu sei que parece que estou a tentar usar a personagem para falar de mim e, sem rodeios, estou mesmo mas apenas parcialmente.
Não me considero genial nem uma dádiva ao Mundo.
Os factos para não me considerar nos termos em que descrevi são bastantes: nunca fui um génio em termos académicos e também nunca fui genial artisticamente. 
Além dos meus testes de QI terem sido (um bom bocado) mais altos que a média, não existe um motivo palpável para me qualificar mais do que normal.

Há, ainda assim, um parâmetro em que confluo com o génio do episódio e um outro em que não o faço.

A minha capacidade de ver os outros como eles são e perceber os indícios que me rodeiam é superior à daqueles que me rodeiam.
Eu entendo o que as pessoas são e não aquilo que dizem ser ou que querem que nós pensemos que são. É difícil fazerem-me comprar aquilo que estão a vender.

É por isso que o que me dizem interessa-me pouco.
É por isso que conversas em que os próprios se descrevem me interessam apenas na medida em revelam o quão enganados estão e me mostram aquilo que não querem dizer.

O grande problema disto é que por ser muito sensível a estes inputs externos é difícil traçar a linha entre o que é percepção e paranóia.
O outro grande problema é que torna quase toda a gente que me rodeia muito chata.

Onde entro em conflito com o génio do episódio é que não tenho nenhuma vontade de tomar nada que me diminua.
A ideia de que poderia ter paz é muito atraente mas, contrariamente ao outro gajo, é que não entendo isto como sendo parte de mim mas todo de mim.
Por muito que doa, não quero perder porque seria perder-me.

on a positive note, este fim-de-semana fui ver isto:

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