Thursday, February 01, 2018

O Materialismo

(gosto muito deste assunto mas nem sempre o uso. 
Como cada um ouve e lê como entende, tenho a sensação que pareço um gajo de amor e cabana, coisa que não sou. Eu gostava de viver no mato mas com saneamento básico e internet.
Talvez devesse usar o termo consumismo em vez de materialismo mas não acho mais correcto)

Ontem, andei bastante tempo a pé e um dos motivos foi o de querer ver uma ou duas lojas de material fotográfico usado porque pretendia encontrar lentes em bom estado que me interessassem.
Não fui bem sucedido.
Agora, penso em poucas coisas mais do que tirar fotografias e já passou tempo suficiente para se tratar de excitação momentânea.

Como cheguei ao Materialismo, vindo daqui?
A minha vida não é pior porque não compro outra lente. Preferia tê-la mas é um preferir ténue. Se quisesse mesmo, comprava.
A lente não iria preencher nada. É possível que a lente me fizesse feliz durante umas horas mas depois disso precisaria de outra...e de outra e de outra e de outra...porque não somos o que temos e também não é por ignorarmos o problema que ele deixa de existir.

E as coisas são, para mim, isto: o novelo com que o gato se entretém durante uns minutos.

A maioria de nós tem vontade de trabalhar mais para ter mais.
O que sucede é que a ideia de que o Iphone novo ou mesmo aquela viagem está errada. 
É giro? Pode ser.
Só que aquelas horas que emprestámos para aumentar o rendimento não são emprestadas, são dadas. E são horas em que podemos estar com aquela pessoa ou com aquele livro ou com aquela música ou só a pensar no porquê de querermos o mais recente e brilhante objecto.

Não me lembro de alguma vez ter trabalhado mais para ter mais dinheiro. Eu trabalho muito para não perder e para ser melhor que os que se me opõe mas trabalhar mais só para ter mais dinheiro nunca me aconteceu.
MAS já gastei bem mais dinheiro do que o que devia em merdas. Foi poucas vezes mas aconteceu.

Sempre que comprei coisas caras e desnecessárias fi-lo por não achar ter mais o que fazer; não é muito diferente do tempo em que andava a sacar gajas. Não é que quisesse, é que não tinha mais nada para fazer.

Lamento os que pensam poder ser felizes com coisas;
Invejo os que são felizes com coisas. Coisas compram-se.

(um minuto que deveria durar uma hora mas a minha paciência já não permite)

A reacção islamita radical - entre muitas outras! - ao Ocidente terá bem mais do que uma explicação e, em outra altura, até sou capaz de escrever sobre isso mas a frustração dos menos afortunados por não lhes ser possível adquirir um Porsche é uma delas.

Vende-se a ideia de que somos aquilo que podemos comprar e, depois, a frustração deprime uns e decapita outros. 

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