Actualização e Reflexão
No último post estava adoentado.
Deveria, primeiro que todos, perceber que não faço coisas a metade e não se justifica que o fizesse na doença, certo?
Então: curto, grosso e cronológico:
. umas poucas horas depois do post fui ao meu médico;
. uma hora depois de ter ido ao meu médico estava nas urgências com uma carta manuscrita a dizer qualquer coisa como botem os olhos neste gajo. A coisa não está impecável;
(agora, os hiatos temporais serão menos precisos mas é assim que me lembro deles)
. meia hora depois, fui atendido na especialidade e cuspi um bom bocado de pus (sim, nojento) e foi-me dito que teria de ficar para observação;
. fui fazer um TAC e, quando voltei, a análise revelou hmm...isto está pior do que se previa. Vai ter de ser operado. Disse Ok, quando? e foi-me dito que seria Agora;
. na mesa de operações - onde tiveram de me amarrar porque não cabia nela - avisaram que iam ter de me meter tubos na boca;
. acordei com tubos metidos na boca e na unidade de cuidados intensivos.
Espero não estar a parecer dramático.
A situação foi dramática;
Eu não sou dramático.
Fui visto muito stressado quando não conseguia perceber por que caralhos não melhorava com a merda dos medicamentos mas já não quando num curtíssimo espaço de tempo me foi revelado que a coisa é séria e terá de ser tratada de urgência.
Na primeira situação, estava perdido e sem saber o que fazer;
Na segunda situação havia uma identificação e um plano. É sempre bom haver uma resposta, seja ela qual for.
(ah e sim, eu sou espectacular)
Passando ao que interessa:
Ah, K, agora vais repensar a vida e não vou merda nenhuma.
Isto não mudou a minha perspectiva, Isto reforçou a minha perspectiva.
Somos merda nenhuma e duramos merda alguma.
É por isso que não quero saber do BMW e nem da conversa de circunstância nem no frete que me pode trazer dividendos profissionais.
Quanto tenho uma amigdalite que pode redundar em bater as botas, essa merda interessa o quê?
Percebem? Isto é realidade e não drama.
Percebam: isto não acontece aos outros porque eu era os outros e já não sou.
Sabem no que pensei?
Hoje, enquanto estou anjaulado, estava a ver um programa de Natureza em que um pássaro se lavava num lago e pensei: caralho...eu nunca vi isto...eu quero ver isto...
É deste tipo de coisas que temo não fazer. É da beleza intangível a que posso não ser exposto e já não ao tangível que não me acrescenta nada.
Pensei mais:
Tenho tido algumas visitas que muito aprecio.
Em alguns dos casos aprecio muito as pessoas e o tempo que gastam a vir-me ver; noutros casos aprecio mais o tempo que gastam do que as pessoas em si mas em todos os casos acho que estão mais tempo cá do que o que devem.
E reparem: não vi ninguém que não me seja íntimo. Gente próxima nem tenho.
A excepção é Ela.
Quero-a sempre cá. Nunca quero que abale.
Ah, K, isso é uma bichice... e assumo-o com algum pesar;
Ah, K, estás assim porque a merda, para ti, azedou um bocado e este não é o caso. Não A aprecio mais nem A quero mais. Isso está igual e isso é bom...eu é que não me consigo habituar a esse sentimento.
Estou contente contigo escrevi eu.
Contente?! respondeu Ela. Respondeu bem. Contente não é o melhor nem o mais exuberante dos adjectivos...se não foi eu a dizê-lo.
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