Fake News
Esta expressão está muito em voga. Não a aprecio e nem concordo com ela.
...o problema é não ser completamente desprovida de sentido.
O pessoal que anda a dizer fake news a toda a hora, por norma tem um problema com factos. Utiliza a expressão para combater coisas como 1 + 1 = 2.
Com esta gente eu tenho problemas.
Pretendem, as mais das vezes, uma narrativa que lhes interesse, por muito distópica (mentirosa talvez fosse um termo mais apropriado ainda que menos polido) que seja; procuram combater o que chamam de fake news com reais fake news.
...mas eu deixei de ver telejornais.
A coisa está difícil para quem quer notícias.
Ontem, estive a ver uma reportagem sobre as empresas que recuperam crédito mal parado.
A reportagem foi vergonhosa.
Não é minha intenção defender empresas de recuperação de créditos (ou gestão de activos, o que soa muito melhor!). Na verdade, o que me interessa, para este assunto, nem sequer é o tema. O que me interessa é a falta de rigor nas merdas que se dão como certas.
O pessoal que se terá sentido afectado pela reportagem poderá e haverá de dizer que não se sabe quem são as pretensas vítimas ou, sequer, se o são. Há muito vigarista e gente que, pura e simplesmente, não quer cumprir com as obrigações que assume.
É um argumento válido.
...mas nem isso me interessa.
O problema é outro: foi dita muita coisa que, pura e simplesmente, não corresponde à realidade. Por mais que não seja, não corresponde à realidade legal.
As imprecisões fazem muita diferença. A desinformação ou informação incompleta muda tudo.
Ora,
neste caso, eu tenho um conhecimento profundo da coisa, pelo que detectei todas as estupidezes que se disseram e sei, sem margem para dúvidas, que o tema não é o que dele fizeram, pelo menos numa parte substancial.
Aquilo foi uma reportagem para indignar, como são todas.
A banda sonora era dramática. As pessoas entrevistadas não deviam nada a ninguém. As vítimas viviam uma vida de inferno injustificado.
Rigor? NENHUM.
Deixei de ver notícias e de lhes prestar atenção por causa disto.
Não é de agora. Este não é o único tema que conheço com mais profundidade do que a média das pessoas.
E o dilema é como posso confiar em reportagens sobre o que não domino?
É óbvio que a falta de rigor e a desinformação não se reduzem a notícias sobre assuntos que conheço. E como posso confiar em notícias sobre outros assuntos?
Simples: não posso.
Nada de novo, na verdade.
Há uns anos, um gajo foi baleado e morto à porta de um restaurante. A notícia relatou o facto (homem é chamado por uma mulher ao exterior do restaurante e, quando saiu, foi assassinado) e deu-lhe o enquadramento; falou com familiares.
Os familiares disseram qualquer coisa como: Estamos chocados! Não entendemos! Não tinha inimigos. Vivia perto de X e era (profissão que não me recordo)! Não entendemos!!!
O gajo em questão era um traficante de droga.
A família inteira traficava droga.
O gajo que o matou, traficante de droga era.
Possivelmente, o gajo que morreu já tinha feito o mesmo a outros.
Isto constava da notícia de jornal?
Nop.
Como é que eu sei?
Bem. Sei. Não é de ouvir dizer.
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